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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Antonio José de Sainz (Bolívia: 1894 –1959)




A biblioteca


Uranos rege o Cosmos. O estudioso lavra
os versos de um soneto, mas não vê a careta
e o desdém com que o fauno mostra a rama seca
extraviada no bosque por seus cornos de cabra.

Ouve-se gemer o aquilão: e em consolação macabra
A tarde tece o fio de uma invisível roca
Enquanto as sombras mudas guardam a biblioteca.
Grave como um sarcófago que oculta a palavra.

Sob as altas abóbadas o aprendiz medita:
– há de viver; a glória da Arte é infinita...
O voz do Tempo diz: não sonhes... Nada fica;
O que vive na terra se acaba num momento!

(Ante a fria rajada de vento no arvoredo
voam as folhas rubras do outono no vento.


La biblioteca


Urania rige el Cosmos. El estudioso labra
los versos de un soneto, pero no ve la mueca
y el desdén con que el fauno muestra la rama seca
desgajada en el bosque por sus cuernos de cabra.

Se oye gemir el cierzo: y en soledad macabra
La tarde teje el hilo de una invisible rueca
Mientras las sombras mudas guardan la biblioteca.
Grave como un sarcófago que oculta la palabra.

Bajo las altas bóvedas el aprendiz medita:
- hay que vivir; la gloria del Arte es infinita...
La voz del Tiempo dice: no sueñes... Nada queda;
¡Lo que vive en la tierra se acaba en un momento!

(Ante la fría ráfaga del viento en la arboleda
vuelan las hojas rojas del otoño en el viento.




Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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