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sábado, 4 de janeiro de 2020

Alfred de Musset (França: 1810-1857)




Noite de Agosto (excerto)

Ó Musa! de que me serve a morte ou a existência?
Amo, e quero negar, amo e quero sofrer;
Amo, e por um beijo cedo minha mestria;
Amo, e vou sentir sobre minha face esguia
uma fonte que nunca cessa de escorrer.

Amo, e quero cantar a alegria e a indolência,
Minha louca vivência e aflições de um dia,
E quero contar, repetir com insistência,
Que ao jurar não ter amante em minha existência, 
De amor jurei que viveria e morreria.

Renuncia agora ao orgulho que te devora,
Coração acerbo e que acreditaste fechado.
Ama, e renasce; faça-te flor e te enflora,
Já provado o sofrer, sofrerás vida afora,
Amarás sem cessar, por já teres amado.


 Nuit d’Août


O Muse! que m’importe ou la mort ou la vie?
J’aime, et je veux pâlir; j’aime et je veux souffrir;
J’aime, et pour un baiser je donne mon génie;
J’aime, et je veux sentir sur ma joue amaigrie
Ruisseler une source impossible à tarir.

J’aime, et je veux chanter la joie et la paresse,
Ma folle experience et mes soucis d’un jour,
Et je veux raconter et répéter sans cesse
Qu’après avoir juré de vivre sans maîtresse,
J’ai fait serment de vivre et de mourir d’amour.

Dépouille devant tous l’orgueil qui te dévore,
Coeur gonflé d’amertume et qui t’es cru fermé.
Aime, et tu renaîtras; fais-toi fleur pour éclore.
Après avoir souffert, il faut souffrir encore;
Il faut aimer sans cesse, après avoir aimé.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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