Mostrando postagens com marcador Inglaterra: William Shakespeare (1564 – 1616) - Rei Ricardo II - Solilóquio do Ato 3 - Cena 2 / King Richard II - Act 3 - Scene 2. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Inglaterra: William Shakespeare (1564 – 1616) - Rei Ricardo II - Solilóquio do Ato 3 - Cena 2 / King Richard II - Act 3 - Scene 2. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

William Shakespeare (Inglaterra: 1564 – 1616)



 Rei Ricardo II – Solilóquio do Ato 3, Cena 2


Não importa onde; de consolo ninguém fale;
Falemos de epitáfios, vermes e tumbas;
Fazei do pó papel e com olhos rasos
Inscrevei nossa dor no seio da terra,
Falemos de testadores e legados:
Se assim não for, o que podemos deixar
Senão ao solo nossos destronados corpos?
Nossas terras, vidas, são de Bolingbroke, [1]
E nada temos de nosso exceto a morte
E esta pequena porção de barro estéril
Que serve de abrigo e cobre nossos ossos.
Por Deus, sentemo-nos todos neste chão
E contemos casos tristes de reis mortos;
Alguns depostos; alguns mortos em guerras;
Assombrados por fantasmas destronados;
Mortos ou envenenados por suas esposas;
Assassinados: por dentro da coroa
Que circunda as têmporas mortais de um rei
Domina a Morte a corte e o bufão idiota,
Rindo-se de seu estado e de sua pompa,
Cedendo-lhe um suspiro, miúda cena,
Para ser temido, reinar e matar,
Insuflando sua própria e vã presunção,
Como se a carne ao redor de nossas vidas
Fosse bronze invencível, e assim blindada
Por fim chega e com um pequeno alfinete
Fura os muros do castelo, e adeus meu rei!
Cobri-vos e não zombai da carne e o sangue
Com solene vênia: ignorai o respeito,
A tradição, a etiqueta e formais deveres,
Pois vós julgastes-me mal por muito tempo:
Vivo do pão como vós, sinto desejos,
Sinto pesar, falta de amigos: assim,
Como podeis dizer a mim que sou um rei?


KING RICHARD II – Act 3, Scene 2


No matter where; of comfort no man speak:
Let’s talk of graves, of worms, and epitaphs;
Make dust our paper and with rainy eyes
Write sorrow on the bosom of the earth,
Let’s choose executors and talk of wills:
And yet not so, for what can we bequeath
Save our deposed bodies to the ground?
Our lands, our lives and all are Bolingbroke’s, [1]
And nothing can we call our own but death
And that small model of the barren earth
Which serves as paste and cover to our bones.
For God’s sake, let us sit upon the ground
And tell sad stories of the death of kings;
How some have been deposed; some slain in war,
Some haunted by the ghosts they have deposed;
Some poison’d by their wives: some sleeping kill’d;
All murder’d: for within the hollow crown
That rounds the mortal temples of a king
Keeps Death his court and there the antic sits,
Scoffing his state and grinning at his pomp,
Allowing him a breath, a little scene,
To monarchize, be fear’d and kill with looks,
Infusing him with self and vain conceit,
As if this flesh which walls about our life,
Were brass impregnable, and humour’d thus
Comes at the last and with a little pin
Bores through his castle wall, and farewell king!
Cover your heads and mock not flesh and blood
With solemn reverence: throw away respect,
Tradition, form and ceremonious duty,
For you have but mistook me all this while:
I live with bread like you, feel want,
Taste grief, need friends: subjected thus,
How can you say to me, I am a king?



[1]Henry Bolingbroke: personagem fictício que, na peça, depõe Ricardo II e torna-se rei, com o nome de Henry IV.

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...