Mostrando postagens com marcador Espanha: Miguel de Unamuno (1864 – 1936) - Verei por ti / Veré por tí. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Espanha: Miguel de Unamuno (1864 – 1936) - Verei por ti / Veré por tí. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Miguel de Unamuno (Espanha: 1864 – 1936)




Verei por ti


"Desconheço-me", dizes; mas vê, tenhas por certo
que a conhecer-se começa o homem quando clama
"desconheço-me", e chora;
então a seus olhos o coração aberto
descobre de sua vida a verdadeira trama;
então é sua aurora.

Não, ninguém se conhece, enquanto não lhe toca
A luz de uma alma irmã que do eterno chega
e de todo lhe alumia;
teus íntimos sentires enfloram minha boca,
tua vista está em meus olhos, vê por mim, ó cega,
olha por mim e caminha.

"Estou cega", dizes; apoia-te em meu braço
e aclara com teus olhos nossa escarpada senda
perdida no futuro;
verei por ti, confia; tua vista é este laço
que te atou a mim, meus olhos são para ti a prenda
de um caminhar seguro.

Pouco importa que os teus do caminho não dão tino,
se dão luz aos meus e por mim o iluminam todo
com seu tranquilo lume?
Apoia-te em meus ombros, confia-te ao Destino,
Verei por ti, ó cega, afastar-te-ei do lodo
Levar-te-ei ao cume.

E ali, tu envolta em luz, abrir-se-ão teus olhos,
Verás que se perde na distância, atrás de nós,
a senda desta andança
e nela desta vida os miseráveis despojos,
e abrir-se a nós radiante no céu em reflexos
o que é hoje a esperança.


Veré por tí


«Me desconozco», dices; mas mira, ten por cierto
que a conocerse empieza el hombre cuando clama
«me desconozco», y llora;
entonces a sus ojos el corazón abierto
descubre de su vida la verdadera trama;
entonces es su aurora.

No, nadie se conoce, hasta que no le toca
La luz de un alma hermana que de lo eterno llega
y el fondo le ilumina;
tus íntimos sentires florecen en mi boca,
tu vista está en mis ojos, mira por mí, mi ciega,
mira por mí y camina.

«Estoy ciega», me dices; apóyate en mi brazo
y alumbra con tus ojos nuestra escabrosa senda
perdida en lo futuro;
veré por ti, confía; tu vista es este lazo
que a ti me ató, mis ojos son para ti la prenda
de un caminar seguro.

¿Qué importa que los tuyos no vean el camino,
si dan luz a los míos y me lo alumbran todo
con su tranquila lumbre?
Apóyate en mis hombros, confíate al Destino,
Veré por ti, mi ciega, te apartaré del lodo,
te llevaré a la cumbre.

Y allí, en la luz envuelta, se te abrirán los ojos,
Verás cómo esta senda tras de nosotros lejos,
se pierde en lontananza
y en ella de esta vida los míseros despojos,
y abrírsenos radiante del cielo a los reflejos
lo que es hoy esperanza.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...