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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema VII / XXI

 

Reclinado nas tardes lanço minhas tristes redes

aos teus olhos oceânicos.

 

Ali se alonga e arde na mais alta fogueira

minha solidão que braceja como um náufrago.

 

Traço rubros sinais sobre teus olhos ausentes

que ondulam como o mar à beira de um farol.

 

Apenas guardas trevas, fêmea distante e minha,

de teu rosto emerge às vezes a orla do espanto.

 

Reclinado nas tardes lanço minhas tristes redes

a esse mar que agita teus olhos oceânicos.

 

Galopa a noite em sua égua sombria

semeando espigas azuis sobre o campo.

 

 

Poema VII / XXI

 

Inclinado en las tardes tiro mis tristes redes

a tus ojos oceánicos.

 

Allí se estira y arde en la más alta hoguera

mi soledad que da vueltas los brazos como un náufrago.

 

Hago rojas señales sobre tus ojos ausentes

que olean como el mar a la orilla de un faro.

 

Sólo guardas tinieblas, hembra distante y mía,

de tu mirada emerge a veces la costa del espanto.

 

Inclinado en las tardes echo mis tristes redes

a ese mar que sacude tus ojos oceánicos.

 

Los pájaros nocturnos picotean las primeras estrellas

que centellean como mi alma cuando te amo.

 

Galopa la noche en su yegua sombría

desparramando espigas azules sobre el campo.

 

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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