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domingo, 29 de dezembro de 2019

Eugenio Montale (Itália: 1896 – 1981)





Os limões

Escuta-me, os poetas laureados
movem-se somente por entre plantas
de nomes incomuns: buxos alfenas ou acantos.
Já eu, amo as veredas que levam às relvadas
valas onde em poças d’água
um tanto secas pescam os rapazes
alguma enguia esquálida:
as sendas que acompanham as margens,
declinam em meio aos tufos de juncos
e embrenham-se pelos hortos, por entre os limoeiros.

Melhor quando o estardalhaço dos pássaros
extingue-se tragado pelo azul:
ouve-se nitidamente o sussurro
dos galhos amigos no ar que quase não se move,
e o sentido desse odor
que não sabe separar-se da terra
e chove no peito uma doçura inquieta.
Aqui das divertidas paixões
por um milagre cala-se a guerra,
Aqui também cabe a nós pobres nossa parte de riqueza
e ela é o perfume dos limões.

Vê, nesse silêncio no qual as coisas
abandonam-se e parecem prestes
a atraiçoar seu último segredo,
por vezes se espera
descobrir um erro da Natureza,
o ponto morto do mundo, o anelo que não possui,
o fio que desvenda o que finalmente nos coloca
no interior de uma verdade.
O olhar vasculha ao redor,
a mente indaga aceita separa
no perfume que se exala
quando o dia mais se esvai.
São os silêncios nos quais se vê
em cada sombra humana que se afasta
alguma perturbada Divindade.

Mas a ilusão falha e retrocede o tempo
na cidade ruidosa onde o azul se mostra
somente aos pedaços, no alto, entre as cornijas.
A chuva cansa a terra, depois; aglomera-se
o tédio do inverno sobre as casas,
a luz faz-se avara – a alma se acerba.
Certo dia um entreaberto portão
em meio a árvores de um pátio
mostrou o amarelo dos limões;
e no coração o gelo esvai-se,
e no peito ecoam
as suas canções
os trompetes dourados da luz solar.


I Limoni


Ascoltami, i poeti laureati
si muovono soltanto fra le piante
dai nomi poco usati: bossi ligustri o acanti.
lo, per me, amo le strade che riescono agli erbosi
fossi dove in pozzanghere
mezzo seccate agguantano i ragazzi
qualche sparuta anguilla:
le viuzze che seguono i ciglioni,
discendono tra i ciuffi delle canne
e mettono negli orti, tra gli alberi dei limoni.

Meglio se le gazzarre degli uccelli
si spengono inghiottite dall'azzurro:
più chiaro si ascolta il susurro
dei rami amici nell'aria che quasi non si muove,
e i sensi di quest'odore
che non sa staccarsi da terra
e piove in petto una dolcezza inquieta.
Qui delle divertite passioni
per miracolo tace la guerra,
qui tocca anche a noi poveri la nostra parte di ricchezza
ed è l'odore dei limoni.

Vedi, in questi silenzi in cui le cose
s'abbandonano e sembrano vicine
a tradire il loro ultimo segreto,
talora ci si aspetta
di scoprire uno sbaglio di Natura,
il punto morto del mondo, l'anello che non tiene,
il filo da disbrogliare che finalmente ci metta
nel mezzo di una verità.
Lo sguardo fruga d'intorno,
la mente indaga accorda disunisce
nel profumo che dilaga
quando il giorno piú languisce.
Sono i silenzi in cui si vede
in ogni ombra umana che si allontana
qualche disturbata Divinità.

Ma l'illusione manca e ci riporta il tempo
nelle città rumorose dove l'azzurro si mostra
soltanto a pezzi, in alto, tra le cimase.
La pioggia stanca la terra, di poi; s'affolta
il tedio dell'inverno sulle case,
la luce si fa avara - amara l'anima.
Quando un giorno da un malchiuso portone
tra gli alberi di una corte
ci si mostrano i gialli dei limoni;
e il gelo dei cuore si sfa,
e in petto ci scrosciano
le loro canzoni
le trombe d'oro della solarità.




Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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