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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema XIII / XXI

 

Fui marcando com cruzes de fogo o atlas branco de teu corpo.

Minha boca era uma aranha que o cruzava se escondendo.

Em ti, atrás de ti, temerosa, sedenta.

 

Histórias a contar-te à margem do crepúsculo,

boneca triste e doce, para que não te sentisses triste.

Um cisne, uma árvore, algo distante e alegre.

O tempo das uvas, o tempo maduro e frutífero.

 

Eu que vivi em um porto de onde te amava.

A solidão entrecruzada pelo sonho e o silêncio.

Aprisionado entre o mar e a tristeza.

Calado, delirante, entre dois gondoleiros imóveis.

 

Entre os lábios e a voz, algo vai morrendo.

Algo com asas de pássaro, algo de angústia e de esquecimento.

Assim como as redes não retêm a água.

Boneca minha, apenas caem gotas que estremecem.

No entanto, algo canta entres estas palavras fugazes.

Algo canta, algo sobe até minha ávida boca.

Oh poder celebrar-te com todas as palavras de alegria.

Cantar, arder, fugir, como um campanário em mãos de um louco.

Triste ternura minha, em que te tornas de repente?

 

Poema XIII / XXI

 

He ido marcando con cruces de fuego

el atlas blanco de tu cuerpo.

Mi boca era una araña que cruzaba escondiéndose.

En ti, detrás de ti, temerosa, sedienta.

 

Historias que contarte a la orilla del crepúsculo,

muñeca triste y dulce, para que no estuvieras triste.

Un cisne, un árbol, algo lejano y alegre.

El tiempo de las uvas, el tiempo maduro y frutal.

 

Yo que viví en un puerto desde donde te amaba.

La soledad cruzada de sueño y de silencio.

Acorralado entre el mar y la tristeza.

Callado, delirante, entre dos gondoleros inmóviles.

 

Entre los labios y la voz, algo se va muriendo.

Algo con alas de pájaro, algo de angustia y de olvido.

Así como las redes no retienen el agua.

Muñeca mía, apenas quedan gotas temblando.

Sin embargo, algo canta entre estas palabras fugaces.

Algo canta, algo sube hasta mi ávida boca.

Oh poder celebrarte con todas las palabras de alegría.

Cantar, arder, huir, como un campanario en las manos de un loco.

Triste ternura mía, qué te haces de repente?


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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