Mostrando postagens com marcador Grécia: Katerína Gógou (1940 – 1993) - Poema 02 / 24. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Grécia: Katerína Gógou (1940 – 1993) - Poema 02 / 24. Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de maio de 2020

Katerína Gógou (Grécia: 1940 – 1993)



Poema 02 / 24



Aqui também
e aqui mais que tudo os negros
limpam o cuspe do asfalto
com suas línguas.
Aqui também
e aqui ainda mais os chinas
abrem portas de HOTÉIS para os brancos
e aqui da mesma forma os garçons
que emigraram para não serem garçons
carregam em suas costas sanduíches
e sonhos americanos
e ainda outros aqui
desgastam-se e aos seus sonhos de imigrantes
e aqui estou eu de novo – me chamam Katerína –
drogando-me em parques públicos
masturbando-me em espetáculos pornôs privados
Vomitei sangue e uma salada branca rançosa
no metrô
E chorei em silêncio jogando minha última moeda
na desolação das máquinas caça-niqueis
É isso, camarada, eu teria apreciado lançar uma
e detonar em estilhaços pelos ares

todas as máquinas de foder o mundo.

Detonar em estilhaços pelos ares toda a dor do mundo.
Comprar o que quer que seja vendido em brechós
9 vezes usado
por radicais
cujos cérebros têm sido estourados,
e você vem falar de Cristo,
por intermédio de poetas de cabeças brilhantes,
por intermédio de mulheres que libertaram seus camaradas
que foram crucificados mas não puderam ser esmagados.
É isso aí, cara, aqui também, hoje em Londres,
primeiro de junho de 1977
com toda a nossa escória eu te saúdo. Até mais.


02 / 24



Here also
and here even more the blacks
sponge up the spittle from the asphalt
with their tongues.
Here also
and here even more the chinks
open the HOTEL doors to whites
and here as well waiters
who emigrated so as not to become waiters
carry sandwiches on their backs
and american dreams
and others here
run them and their immigrant dream down
and here am I again - they call me Katerína -
gone to pieces in public parks
masturbated at private porn showings
I vomited blood and a rancid white salad
in the tube
and cried silently throwing my last pence
into the sorrow of the slot-machines
O yeah, buddy, I'd have liked to throw one
and blow all the bugger-machines in
the world sky-high.
Blow all the sorrow of the world sky-high.
Buy whatever's sold in second-hand shops
9 times worn
by radicals
whose brains have been bashed in,
and you talk about Christ,
by poets with bright heads,
by women who freed their comrades
who were nailed but couldn't be crushed.
O yeah, man, here also, today in London,
June 1, 1977
with all our ilk I greet you. So long. 



Do livro Três Cliques à Esquerda: o título refere-se à  ordem militar para que um operador de metralhadora corrija a mira girando o cano da arma sobre o tripé três furos à esquerda (nesta caso)

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...