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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Mary Oliver (EUA: 1935 – 2019)

 

Quando a morte chegar

 

Quando a morte chegar

como um urso esfomeado no outono;

quando a morte chegar e tirar da bolsa suas moedas brilhantes

 

para me comprar, e fechá-la bruscamente;

quando a morte chegar

como a varíola;

 

quero sair à porta com enorme curiosidade, perguntando-me:

a que se assemelhará, esse chalé de trevas na praia?

 

E logo enxergo tudo

como congregações de irmãos e irmãs,

e vejo o tempo como uma simples ideia,

e considero a eternidade como outra possibilidade,

 

e imagino cada vida como uma flor, tão trivial

como um campo de margaridas, e igualmente singular,

 

e cada nome uma agradável música na boca,

propensa, como toda música, ao silêncio,

 

e cada corpo um leão de coragem, e algo

precioso à terra.

 

Quando tudo terminar, irei dizer: em toda a minha vida

fui a noiva casada com o assombro.

Fui o noivo, tomando o mundo em meu braços.

 

Quando tudo terminar, não quero indagar

se fiz de minha vida algo particular, e real.

Não quero ver a mim mesma arfante e amedrontada,

ou plena de argumentos.

 

Não quero acabar depois de simplesmente visitar o mundo.

 

 

When Death Comes

 

When death comes

like the hungry bear in autumn;

when death comes and takes all the bright coins from his purse

 

to buy me, and snaps the purse shut;

when death comes

like the measle-pox;

 

when death comes

like an iceberg between the shoulder blades,

 

I want to step through the door full of curiosity, wondering:

what is it going to be like, that cottage of darkness?

 

And therefore I look upon everything

as a brotherhood and a sisterhood,

and I look upon time as no more than an idea,

and I consider eternity as another possibility,

 

and I think of each life as a flower, as common

as a field daisy, and as singular,

 

and each name a comfortable music in the mouth,

tending, as all music does, toward silence,

 

and each body a lion of courage, and something

precious to the earth.

 

When it's over, I want to say: all my life

I was a bride married to amazement.

I was the bridegroom, taking the world into my arms.

 

When it's over, I don't want to wonder

if I have made of my life something particular, and real.

I don't want to find myself sighing and frightened,

or full of argument.

 

I don't want to end up simply having visited this world.

 

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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