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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Gustavo Adolfo Bécquer (Espanha: 1836 – 1870)




Rima XLVIII


Como se extrai o ferro de uma ferida
seu amor de minhas entranhas saquei;
ainda senti ao fazê-lo que a vida
arrancava-me com ele!

Do altar que na minha alma lhe erigi,
o querer sua imagem expulsou;
e a luz da crença que nela era chama
diante do altar deserto se apagou.

Inda para anular meu firme empenho
vem-me à mente sua visão tenaz...
Quanto poderei dormir co' esse sonho
em que acaba o sonhar!


Rima XLVIII


Como se arranca el hierro de una herida
su amor de las entrañas me arranqué;
aunque sentí al hacerlo que la vida
¡me arrancaba con él!

Del altar que le alcé en el alma mía,
la voluntad su imagen arrojó;
y la luz de la fe que en ella ardía
ante el ara desierta se apagó.

Aún para combatir mi firme empeño
viene a mi mente su visión tenaz...
¡Cuánto podré dormir con ese sueño
en que acaba el soñar!





Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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