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sábado, 11 de julho de 2020

Octavio Paz (México: 1914 – 1998)



Estirada e destroçada



Estirada e destroçada,
à direita de minhas veias, muda;
em mortais margens infinita,
imóvel e serpente.

Toco tua delirante superfície,
os poros silenciosos, ofegantes,
a circular corrida de teu sangue,
seu reiterado golpe, verde e tíbio.

Primeiro és um hálito tresnoitado,
uma escura presença de batimentos
que percorrem tua pele, toda de lábios,
resplandecente tato de carícias.

O arco das sobrancelhas faz-se orelha.
Ah, sede, lancinante,
horror de feridos olhos
onde minha origem e minha morte vejo,
graves olhos de náufraga
mencionando-me à espuma,
à branca região dos desmaios
num voraz vazio
que nos imerge em nós mesmos.

Arrojados a brancas espirais
roçamos nossa origem,
o vegetal nos chama,
a pedra nos recorda
e a raiz sedenta
da árvore que cresceu de nosso pó.

Adivinho teu rosto entre estas sombras,
o terrível soluço de teu sexo,
todos os teus nascimentos
e a morte que levas escondida.
Em teus olhos navegam crianças, sombras,
relâmpagos, meus olhos, o vazio.


Tendida y desgarrada...


Tendida y desgarrada,
a la derecha de mis venas, muda;
en mortales orillas infinita,
inmóvil y serpiente.

Toco tu delirante superficie,
los poros silenciosos, jadeantes,
la circular carrera de tu sangre,
su reiterado golpe, verde y tibio.

Primero es un aliento amanecido,
una oscura presencia de latidos
que recorren tu piel, toda de labios,
resplandeciente tacto de caricias.

El arco de las cejas se hace ojera.
Ay, sed, desgarradora,
horror de heridos ojos
donde mi origen y mi muerte veo,
graves ojos de náufraga
citándome a la espuma,
a la blanca región de los desmayos
en un voraz vacío
que nos hunde en nosotros.

Arrojados a blancas espirales
rozamos nuestro origen,
el vegetal nos llama,
la piedra nos recuerda
y la raíz sedienta
del árbol que creció de nuestro polvo.

Adivino tu rostro entre estas sombras,
el terrible sollozo de tu sexo,
todos tus nacimientos
y la muerte que llevas escondida.
En tus ojos navegan niños, sombras,
relámpagos, mis ojos, el vacío.


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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