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terça-feira, 5 de outubro de 2021

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)

Do livro Elogio da sombra – 29 / 31

 

His End And His Beginning

 

Cumprida a agonia, já só e destroçado e rejeitado, mergulhou no sonho. Quando despertou, aguardavam-no os hábitos cotidianos e os lugares; disse a si mesmo que não devia pensar demais na noite anterior e, alentado por essa vontade, vestiu-se sem pressa. No escritório, cumpriu passavelmente com seus deveres, ainda que com essa incômoda impressão de repetir algo já feito, que nos traz o cansaço. Pareceu-lhe perceber que os outros desviavam os olhos; acaso já sabiam que estava morto. Nessa noite começaram os pesadelos; não lhe deixavam a menor lembrança, apenas o temor de que voltassem. A longo prazo o temor prevaleceu; interpunha-se entre ele e a página que devia escrever ou o livro que cuidava de ler. As letras pululavam e pululavam; os rostos, os rostos familiares, iam se apagando; as coisas e os homens foram deixando-o. Sua mente se aferrou a essas formas cambiantes, como num frenesi de tenacidade.

Por estranho que pareça, nunca desconfiou da verdade; esta iluminou-o de súbito. Compreendeu que não podia recordar as formas, os sons e as cores dos sonhos; não havia formas, cores nem sons, e não eram sonhos. Eram sua realidade, uma realidade muito além do silêncio e da visão e, por conseguinte, da memória. Isto o consternou mais que o fato de que, a partir da hora de sua morte, havia estado lutando em um redemoinho de insensatas imagens. As vozes que havia ouvido eram ecos; os rostos, máscaras; os dedos de sua mão eram sombras, vagas e insubstanciais sem dúvida, mas também queridas e conhecidas.

De algum modo sentiu que seu dever era deixar para trás essas coisa; agora pertencia a este novo mundo, ausente de passado, de presente e de porvir.

Pouco a pouco este mundo o circundou. Padeceu muitas agonias, atravessou regiões de desespero e de solidão. Essas peregrinações eram atrozes porque transcendiam a todas as suas anteriores percepções, lembranças e esperanças.

Todo o horror jazia em sua novidade e esplendor. Havia merecido a Graça, desde sua morte havia estado sempre no céu.

 

His End And His Beginning


Cumplida la agonía, ya solo, ya solo y desgarrado y rechazado, se hundió en el sueño. Cuando despertó, lo aguardaban los hábitos cotidianos y los lugares; se dijo que no debía pensar demasiado en la noche anterior y, alentado por esa voluntad, se vistió sin apuro. En la oficina, cumplió pasablemente con sus deberes, si bien con esa incómoda impresión de repetir algo ya hecho, que nos da la fatiga. Le pareció notar que los otros desviaban la mirada; acaso ya sabían que estaba muerto. Esa noche empezaron las pesadillas; no le dejaban el menor recuerdo, sólo el temor de que volvieran. A la larga el temor prevaleció; se interponía entre él y la página que debía escribir o el libro que trataba de leer. Las letras hormigueaban y pululaban; los rostros, los rostros familiares, iban borrándose; las cosas y los hombres fueron dejándolo. Su mente se aferró a esas formas cambiantes, como en un frenesí de tenacidad.

Por raro que parezca, nunca sospechó la verdad; ésta lo iluminó de golpe. Comprendió que no podía recordar las formas, los sonidos y los colores de los sueños; no había formas, colores ni sonidos, y no eran sueños. Eran su realidad, una realidad más allá del silencio y de la visión y, por consiguiente, de la memoria. Esto lo consternó más que el hecho de que a partir de la hora de su muerte, había estado luchando en un remolino de insensatas imágenes. Las voces que había oído eran ecos; los rostros, máscaras; los dedos de su mano eran sombras, vagas e insustanciales sin duda, pero también queridas y conocidas.

De algún modo sintió que su deber era dejar atrás esas cosas; ahora pertenecía a este nuevo mundo, ajeno de pasado, de presente y de porvenir.

 Poco a poco este mundo lo circundó. Padeció muchas agonías, atravesó regiones de desesperación y de soledad. Esas peregrinaciones eran atroces porque trascendían todas sus anteriores percepciones, memorias y esperanzas.

Todo el horror  yacía en  su  novedad  y  esplendor.  Había  merecido  la  Gracia, desde su muerte había estado siempre en el cielo.


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...