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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Alexis-Félix Arvers (França: 1806 - 1850)



Um Segredo

Trago na alma um segredo; na vida um mistério;
Um eterno amor, num momento percebido.
A dor é incurável, razão do meu silêncio,
E quem a causou jamais soube do ocorrido.

Ai! Passei ao seu lado e nem fui percebido,
Sempre junto a ela, e mesmo assim solitário,
Nesta terra até o fim viverei meu calvário,
Nada ousando pedir, e nada tendo obtido.

Ainda que feita por Deus doce e querida,
Seguirá sem ouvir, ao passar distraída,
O murmúrio amoroso que provocará;

Piamente fiel à dedicação austera
Dirá, lendo estes versos tão repletos dela:
“Quem será esta mulher?”, e não compreenderá.


Un Secret


Mon âme a son secret; ma vie a sa mystère;
Un amour éternel, en un moment conçu,
Le mal est sans espoir, aussi j'ai dû le taire,
Et celle qui l'a fait n'en a jamais rien su.

Hélas ! j'aurai passé près d'elle inaperçu,
Toujours â ses côtés, et pourtant solitaire,
Et j'aurai jusqu'au bout fait mon temps sur la terre
N'osant rien demander, et n'ayant rien reçu.

Pour elle, quoique Dieu l'ait faite douce et tendre,
Elle ira son chemin, distraite et sans entendre
Ce murmure d'amour élevé sur ses pas;

A l'austère devoir pieusement fidèle,
Elle dira, lisant ses vers tout remplis d'elle,
"Quelle est donc cette femme ?" et ne comprendra pas.




Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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