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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Antonio José de Sainz (Bolívia: 1894 –1959)



Prólogo


O extraordinário,
com sua repetição,
acaba por converter-se também em rotina.
O que está distante,
pela própria inércia do tempo,
se desfigura como um sonho,
como a visão de um pressentimento,
como o improvável.

Apenas permanecem as palavras,
seus lampejos,
cada vez mais reduzidos e débeis.
Aquele quarto,
o sol sobre os pátios
atravessando com seu ouro as cortininhas,
os estímulos casuais,
já sem interesse, sem densidade real,
só podem ser apenas motivos literários,
impressões obscuras,
idênticas às palavras de agora,
símbolos,
palavras.

Contempla às vezes o vale,
as montanhas,
volta, alguns minutos ociosos,
a folhear as páginas do caderno.
Só desejaria a rotina,
submergir o que acontece,
o que há de acontecer,
na disposição idêntica dos dias,
cada objeto, cada ação
encaixados em seu lugar,
em seu momento irrevogável.
E escrever ou deixar de fazê-lo
também terá seu acomodamento.

Contempla a luz pálida do céu no verão daqui.
Às vezes olha o que há dentro
e ainda o surpreende
a confusão desnudada de sua consciência,
escorregadia,
de ser por sua vez tantos e nenhum.
Nada acata a vontade
dos símbolos.
E, no fundo,
tudo fica de fora, do outro lado,
no fim do poema


Prólogo


Lo extraordinario,
con su repetición,
acaba también por convertirse en rutina.
Lo distante,
por la propia inercia del tiempo,
se desfigura como un sueño,
como la visión de un presentimiento,
como lo improbable.

Sólo quedan las palabras,
sus destellos,
cada vez más menguados y débiles.
Aquel cuarto,
el sol sobre los patios
atravesando su oro los visillos,
los estímulos casuales,
ya sin interés, sin densidad real,
sólo pueden ser ya motivos literarios,
huellas oscuras,
idénticas a las de ahora,
símbolos,
palabras.

Contempla a veces el valle,
las montañas,
vuelve, algunos minutos ociosos,
a hojear las páginas del cuaderno.
Sólo desearía la rutina,
sumergir lo que suceda,
lo que ha de suceder,
en la disposición idéntica de los días,
cada objeto, cada acción
encajados en su lugar,
en su momento irrevocable.
Y escribir o dejar de hacerlo
tendrá también su acomodo.

Contempla la luz pálida del cielo en el verano de aquí.
A veces mira hacia adentro
y aún le sorprende
la confusión anudada a su conciencia,
resbaladiza,
de ser a la vez tantos y ninguno.
Nada acata la voluntad
de los símbolos.
Y, en el fondo,
todo queda afuera, al otro lado,
al final del poema.


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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