Contra toda a esperança
Nestes dias
em que o mundo temendo a entropia
se dobra sobre si mesmo,
é cada vez mais árdua a tarefa
de apregoar anúncios otimistas.
Não há evidências que sustentem
a esperança de ventos
levando-nos a ignotos continentes plenos de verdor
ou de palavras que corrijam e nos expliquem os mútuos agravos.
Ao contrário: o tempo acumula provas contra as possibilidades do equilíbrio.
Há centenas de seres perecendo
enquanto outros assistem impávidos a suas agonias
– espectadores em poltronas confortáveis pressionando botões.
Uma sociedade de voyeurs
abençoa sua abundância.
– No shopping os adolescentes
disparam e acumulam pontos destruindo inimigos imaginários.
Técnicas sofisticadas recriam massacres em salas de cinema de inumeráveis telas.
Em meio à avidez
homens e mulheres minimizam a certeza de sua morte inevitável
dando as costas ao destino comum,
aferrando-se a uma minúscula e transitória felicidade.
Chovem os homenzinhos com os guarda-chuvas, como no quadro de Magritte.
Cada qual cobrindo-se como pode do sol abrasador
Cada qual imaginando que sobrevive
e que é inútil sonhar em voz alta.
Poeta dentro de minha solidão. Testemunha deste mundo soez, arrasto-me
com minhas asas pesadas até o cume de onde me lançarei
como Ícaro, uma e outra vez,
porque quiçá
porque talvez
porque não me conformo.
em que o mundo temendo a entropia
se dobra sobre si mesmo,
é cada vez mais árdua a tarefa
de apregoar anúncios otimistas.
Não há evidências que sustentem
a esperança de ventos
levando-nos a ignotos continentes plenos de verdor
ou de palavras que corrijam e nos expliquem os mútuos agravos.
Ao contrário: o tempo acumula provas contra as possibilidades do equilíbrio.
Há centenas de seres perecendo
enquanto outros assistem impávidos a suas agonias
– espectadores em poltronas confortáveis pressionando botões.
Uma sociedade de voyeurs
abençoa sua abundância.
– No shopping os adolescentes
disparam e acumulam pontos destruindo inimigos imaginários.
Técnicas sofisticadas recriam massacres em salas de cinema de inumeráveis telas.
Em meio à avidez
homens e mulheres minimizam a certeza de sua morte inevitável
dando as costas ao destino comum,
aferrando-se a uma minúscula e transitória felicidade.
Chovem os homenzinhos com os guarda-chuvas, como no quadro de Magritte.
Cada qual cobrindo-se como pode do sol abrasador
Cada qual imaginando que sobrevive
e que é inútil sonhar em voz alta.
Poeta dentro de minha solidão. Testemunha deste mundo soez, arrasto-me
com minhas asas pesadas até o cume de onde me lançarei
como Ícaro, uma e outra vez,
porque quiçá
porque talvez
porque não me conformo.
Contra toda esperanza
En estos días
en que el mundo temiendo la entropía
se dobla sobre sí mismo,
es cada vez más ardua la tarea
de pregonar anuncios optimistas.
No hay evidencias que soporten
la esperanza de vientos
enrrumbándonos hacia ignotos continentes plenos de verdor
o de palabras que acierten y nos expliquen los mutuos agravios.
Al contrario: el tiempo acumula pruebas contra las posibilidades del equilibrio.
Hay cientos de seres pereciendo
mientras otros asisten impávidos a sus agonías
– espectadores en mullidas butacas
pulsando botones -
Una sociedad de voyeurs
bendice su abundancia.
– Los muchachitos en el centro comercial
disparan y acumulan puntos destruyendo enemigos imaginarios.
Técnicas sofisticadas recrean masacres en salas de cine
de innumerables pantallas. -
En medio de la avidez
hombres y mujeres resuelven la certidumbre de su muerte inevitable
dando la espalda al destino común,
aferrándose a una minúscula y transitoria felicidad.
Llueven los hombrecitos con los paraguas, como en el cuadro de Magritte.
Cada quien tapándose como puede del sol abrasador
Cada quien imaginando que sobrevive
y que está de más soñar en voz alta.
Poeta dentro de mi soledad. Testiga de este mundo soez, me arrastro
con mis alas pesadas hacia la cumbre desde donde me lanzaré
como Icaro, una y otra vez,
porque quizás
porque tal vez
porque no me resigno.
en que el mundo temiendo la entropía
se dobla sobre sí mismo,
es cada vez más ardua la tarea
de pregonar anuncios optimistas.
No hay evidencias que soporten
la esperanza de vientos
enrrumbándonos hacia ignotos continentes plenos de verdor
o de palabras que acierten y nos expliquen los mutuos agravios.
Al contrario: el tiempo acumula pruebas contra las posibilidades del equilibrio.
Hay cientos de seres pereciendo
mientras otros asisten impávidos a sus agonías
– espectadores en mullidas butacas
pulsando botones -
Una sociedad de voyeurs
bendice su abundancia.
– Los muchachitos en el centro comercial
disparan y acumulan puntos destruyendo enemigos imaginarios.
Técnicas sofisticadas recrean masacres en salas de cine
de innumerables pantallas. -
En medio de la avidez
hombres y mujeres resuelven la certidumbre de su muerte inevitable
dando la espalda al destino común,
aferrándose a una minúscula y transitoria felicidad.
Llueven los hombrecitos con los paraguas, como en el cuadro de Magritte.
Cada quien tapándose como puede del sol abrasador
Cada quien imaginando que sobrevive
y que está de más soñar en voz alta.
Poeta dentro de mi soledad. Testiga de este mundo soez, me arrastro
con mis alas pesadas hacia la cumbre desde donde me lanzaré
como Icaro, una y otra vez,
porque quizás
porque tal vez
porque no me resigno.