Mostrando postagens com marcador Argentina: Jorge Luis Borges (1899 – 1986)- Elogio da sombra 18 / 31: Junho 1968 / Junio 1968. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Argentina: Jorge Luis Borges (1899 – 1986)- Elogio da sombra 18 / 31: Junho 1968 / Junio 1968. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)

Do livro Elogio da sombra – 18 / 31

  

Junho. 1968

 

Na tarde de ouro

ou numa serenidade cujo símbolo

poderia ser a tarde de ouro,

o homem dispõe os livros

nas prateleiras que aguardam

e sente o pergaminho, o couro, a trama

e o prazer que dão

a previsão de um hábito

e o estabelecimento de uma ordem.

Stevenson e o outro escocês, Andrew Lang,

aqui recomeçarão, de maneira mágica,

a lenta discussão que interromperam

os mares e a morte

e a Reyes não desagradará por certo

a proximidade de Virgílio.

(Organizar bibliotecas é exercer,

de um modo silencioso e modesto,

a arte da crítica.)

O homem, que está cego,

sabe que já não poderá decifrar

os belos volumes que manuseia

e que não lhe ajudarão a escrever

o livro que o justificará perante os outros,

mas na tarde que por acaso é de ouro

sorri ante o curioso destino

e sente essa felicidade peculiar

das velhas coisas queridas.

 

Junio. 1968


En la tarde de oro
o en una serenidad cuyo símbolo
podría ser la tarde de oro,
el hombre dispone los libros
en los anaqueles que aguardan
y siente el pergamino, el cuero, la tela
y el agrado que dan
la previsión de un hábito
y el establecimiento de un orden.

Stevenson y el otro escocés, Andrew Lang,
reanudarán aquí, de manera mágica,
la lenta discusión que interrumpieron
los mares y la muerte
y a Reyes no le desagradará ciertamente
la cercanía de Virgilio.

(Ordenar bibliotecas es ejercer,
de un modo silencioso y modesto,
el arte de la crítica.)
El hombre, que está ciego,
sabe que ya no podrá descifrar
los hermosos volúmenes que maneja
y que no le ayudarán a escribir
el libro que lo justificará ante los otros,
pero en la tarde que es acaso de oro
sonríe ante el curioso destino
y siente esa felicidad peculiar
de las viejas cosas queridas.

 

 


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...