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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema V / XXI

 

Para que me ouças

minhas palavras

adelgaçam-se às vezes

como pegadas de gaivotas nas praias.

 

Colar, cascavel ébria

para tuas mãos suaves como as uvas.

 

E vejo-as distantes, minhas palavras.

Mais que minhas são tuas.

Vão subindo pela minha velha dor como as heras.

 

Elas sobem assim pelas paredes úmidas.

És tu a culpada por este jogo sangrento.

 

Elas estão fugindo de meu covil escuro.

Em tudo o completas tu, em tudo o completas.

 

Antes de ti elas povoaram a solidão que ocupas,

e estão acostumadas mais que tu à minha tristeza.

 

Agora quero que digam o que quero te dizer

para que tu as ouças como quero que me ouças.

 

O vento da angústia ainda costuma arrastá-las.

Furacões de sonhos às vezes ainda as derrubam.

 

Escutas outras vozes em minha voz dolorida.

Pranto de velhas bocas, sangue de velhas súplicas.

Ama-me, companheira. Não me abandones. Segue-me.

Segue-me, companheira, nesta onda de angústia.

 

Mas elas vão tingindo com teu amor minhas palavras.

A tudo ocupas tu, a tudo ocupas tu.

 

Vou fazendo com todas elas um colar infinito

para tuas brancas mãos, suaves como uvas.

 

 

Poema V / XXI

 

Para que tú me oigas

mis palabras

se adelgazan a veces

como las huellas de las gaviotas en las playas.

 

Collar, cascabel ebrio

para tus manos suaves como las uvas.

 

Y las miro lejanas mis palabras.

Más que mías son tuyas.

Van trepando en mi viejo dolor como las yedras.

 

Ellas trepan así por las paredes húmedas.

Eres tú la culpable de este juego sangriento.

 

Ellas están huyendo de mi guarida oscura.

Todo lo llenas tú, todo lo llenas.

 

Antes que tú poblaron la soledad que ocupas,

y están acostumbradas más que tú a mi tristeza.

 

Ahora quiero que digan lo que quiero decirte

para que tú las oigas como quiero que me oigas.

 

El viento de la angustia aún las suele arrastrar.

Huracanes de sueños aún a veces las tumban.

 

Escuchas otras voces en mi voz dolorida.

Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas.

Ámame, compañera. No me abandones. Sígueme.

Sígueme, compañera, en esa ola de angustia.

 

Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras.

Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas.

 

Voy haciendo de todas un collar infinito

para tus blancas manos, suaves como las uvas.

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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