Mostrando postagens com marcador Argentina: Juan Gelman (1930 – 2014) - Fábricas do amor / Fábricas del amor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Argentina: Juan Gelman (1930 – 2014) - Fábricas do amor / Fábricas del amor. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Juan Gelman (Argentina: 1930 – 2014)




Fábricas do amor


E construí teu rosto.
Com adivinhações do amor, construía teu rosto
nos longínquos pátios da infância.
Pedreiro envergonhado,
ocultei-me do mundo para entalhar tua imagem,
para dar-lhe a voz,
para colocar doçura em tua saliva.

Por quantas vezes tremi
apenas coberto pela luz do verão
enquanto te descrevia por meu sangue.
Pura minha,
és feita de todas as estações
e tua graça declina como todos os crepúsculos.
Quantas de minhas jornadas inventaram tuas mãos.
Que infinitude de beijos contra a solidão
afunda teus passos no pó.

Celebrei-te, declamei-te pelos caminhos,
escrevi todos os teus nomes no fundo de minha sombra,
fiz para ti um lugar em meu leito,
amei-te, estrela indivisível, noite após noite.
Assim foi que cantaram os silêncios.
Anos e anos trabalhei para criar-te
antes de ouvir um só soar de tua alma.


Fábricas del amor


Y construí tu rostro.
Con adivinaciones del amor, construía tu rostro
en los lejanos patios de la infancia.
Albañil con vergüenza,
yo me oculté del mundo para tallar tu imagen,
para darte la voz,
para poner dulzura en tu saliva.

Cuántas veces temblé
apenas si cubierto por la luz del verano
mientras te describía por mi sangre.
Pura mía,
estás hecha de cuántas estaciones
y tu gracia desciende como cuántos crepúsculos.
Cuántas de mis jornadas inventaron tus manos.
Qué infinito de besos contra la soledad
hunde tus pasos en el polvo.

Yo te oficié, te recité por los caminos,
escribí todos tus nombres al fondo de mi sombra,
te hice un sitio en mi lecho,
te amé, estela invisible, noche a noche.
Así fue que cantaron los silencios.
Años y años trabajé para hacerte
antes de oír un solo sonido de tu alma.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...