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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Matilde Ladrón de Guevara (Chile: 1910 – 2009)

 

O vento na planície

 

Gritei na tarde uma palavra ao vento,

e o vento – eu não sei! – com sua linguagem,

foi-se aventurando pela cinza ramagem

Como ave ferida em estarrecimento.

 

Uma palavra simples, um sentimento

de citação morta, cor de viagem;

de pena acumulada na paisagem,

como a cor cinza do poente lento.

 

Depois, a noite. A planície, o páramo

apenas com seus astros, sonolento,

sem rumo certo pela sombra eu ia,

 

perseguindo-me; depois, em um voo

de pássaro agourento, só o vento

gritava seu adeus em minha via.

  

El Viento en la llanura

 

Grité en la tarde una palabra al viento,

y el viento -¡yo no sé!- con su lenguaje,

la fue aventando por el gris ramaje

como pájaro herido en ardimiento.

 

Una palabra simple, un sentimiento

de cita muerta, de color de viaje;

de pena acumulada en el paisaje,

tal la ceniza del ocaso lento.

 

Después, la noche. La llanura, el cielo

apenas con los astros, soñoliento,

y mi errar por la sombra sin destino,

 

persiguiéndome; entonces, en un vuelo

de pájaro agorero, sólo el viento

me gritaba su adiós en mi camino.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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