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sábado, 25 de julho de 2020

Gustavo Adolfo Bécquer (Espanha: 1836 – 1870)




Rima XXXIV


Cruza calada, e são seus movimentos
silenciosa harmonia:
soam seus passos, e ao soar recordam
do hino alado a cadência ritmada.

Os olhos entreabre, aqueles olhos
tão claros como o dia;
e quando os envolvem, a terra e o céu
ardem com luz nova em suas pupilas.

Ri, e sua gargalhada tem notas
da água fugidia;
chora, e cada lágrima é um poema
de ternura infinita.

Ela possui a luz, tem o perfume,
o colorido e a linha,
a forma tramadora de desejos,
a expressão, fonte eterna de poesia.

Que é estúpida? Bah! Enquanto calando
guarde obscuro o enigma,
sempre valerá o que eu creio que cala
mais do que o que qualquer outra me diga.


Rima XXXIV


Cruza callada, y son sus movimientos
silenciosa armonía:
suenan sus pasos, y al sonar recuerdan
del himno alado la cadencia rítmica.

Los ojos entreabre, aquellos ojos
tan claros como el día;
y la tierra y el cielo, cuanto abarcan,
arden con nueva luz en sus pupilas.

Ríe, y su carcajada tiene notas
del agua fugitiva;
llora, y es cada lágrima un poema
de ternura infinita.

Ella tiene la luz, tiene el perfume,
el color y la línea,
la forma engendradora de deseos,
la expresión, fuente eterna de poesía.

¿Qué es estúpida? ¡Bah! Mientras callando
guarde oscuro el enigma,
siempre valdrá lo que yo creo que calla
más que lo que cualquiera otra me diga.


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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