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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

María Josefa Mujia (Bolívia: 1812 – 1888)



O amor


Ídolo falso que o mortal adora
E que insensato te erige um altar,
Por quem o homem sua miséria chora,
De quem só recebe um triste pesar.

Não entoa teus triunfos menino cego;
Não ferir-me pode teu horrível arpão;
De tuas setas, de teu ardente fogo,
Conservo ileso e livre o coração.

Nunca manche as cordas de minha lira
Derramando nelas o pranto e a dor
De erros mil que tua deidade espira,
Com que penas sem fim causas, traidor.

Meu puro lábio em tua taça ímpia
Jamais sente o empeçonhado mel,
Que ao brindar vertes com sagaz falsia
Morte, veneno e amargura e fel.

Nunca meu ouvido inclinou-se à tua fala;
Sempre a tua lisonja achei falaz.
Minha alma pura não perdeu uma só hora
Da doce calma e da tranquila paz.

Nunca cantar, algoz, tua vitória
Nem tributar-te vil adoração
É meu laurel, orgulho, êxito e glória
E o mais grato prazer do coração.

Se minha face em pranto se umedece
E se no coração trago amargor,
Se em minha angústia, o sofrimento cresce,
Não é do acre de tua taça, amor.

Não te conheço, e disto me glorio!
Teu nome odioso escuto com horror,
E, ao ver que causas males mil, ímpio,
Disse-te meu lábio: Maldição, amor!

Sei que interesse te vence, abate, humilha;
Sei que os céus te dão grande temor;
Sei que o mortal frente a ti se ajoelha.
Eu te menosprezo e te xingo, amor!


El amor


Ídolo falso que el mortal adora
Y que insensato te erigió un altar,
Por quien el hombre su miseria llora,
De quien recibe solo un gran pesar.

Jamás cante tus triunfos, niño ciego;
No herirme pudo tu terrible arpón;
De tus saetas, de tu ardiente fuego,
Conservo ileso y libre el corazón.

Nunca manche las cuerdas de mi lira
Regando en ellas llanto de dolor
De engaños mil que tu deidad respira,
Con que penas sin fin causas traidor.

Mi puro labio de tu copa impía
Jamás gusto la emponzoñada miel,
Que al brindar viertes con sagaz falsía
Muerte, veneno y amargura y hiel.

Nunca mi oído se inclinó a tu acento;
Siempre tu halago lo creí falaz.
Mi alma inocente no perdió un momento
Su dulce calma, su tranquila paz.

Nunca cantar, tirano, tu victoria
Ni tributarte vil adoración
Es mi laurel, mi orgullo, dicha y gloria
Y el mas grato placer del corazón.

Si mi mejilla en llanto se humedece
Y si en el corazón hay amargor,
Si en el la angustia, la dolencia crece,
No es del acíbar de tu copa, amor.

No te conozco, y de esto me glorío!
Tu nombre odioso escucho con horror,
Y, al ver que causas males mil, impío,
Te dice el labio: ¡Maldición, amor!

Se que interés te vence, abate, humilla;
Se que los celos te dan gran temor;
Se que el mortal te inclina la rodilla.
Yo te desprecio y te maldigo, amor!


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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