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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Martha Rivera-Garrido (República Dominicana: 1961 – )

 

Ao que nomeiam as palavras

 

                “Muito cedo em minha vida, para mim foi muito tarde.

                Marguerite Duras

 

Minha mulher está morrendo aqui

neste dedo escuro que dá nome às coisas,

na árvore, já deixando de ser esquecimento e melancolia.

 

Só estou comendo os pedaços

que vão sobrando de mim,

enquanto procuro lembranças no cofre,

pequenos cachos de papel.

 

Eu, mulher, estou fumando minha tristeza,

corrigindo meus olhos, mentiras que sonhei,

infidelidades no jogo do amor.

 

Meus seios foram as pedras da ruína,

tições que queimaram as mãos do poema.

Solitária, vou deixando os espelhos aos meus outros:

incendiada, minha mulher morreu de morrer.

 

Da mesma forma em que me prolonguei,

com vertigem, com o terror ao ódio no sorriso,

amei.

 

(Os homens esquecem a água que os limpa do inferno.

O rosto que me alerta nos vidros é o meu).

 

Sou

Esta mulher de ar, esta pupila imbecil

que desperta as sereias e os pássaros,

este número de chumbo

que se enterra no crânio.

 

Sou também

uma careta que vai molhando sílabas,

garrancho pequeno que escorre

e entra no sonho do poema.

 

O poema sempre está só.

A saudade é palavra

no instante da morte.

 

 

Lo que Nombran las Palabras

 

                Muy pronto en mi vida, para mí fue muy tarde.
                Marguerite Duras

 

Mi mujer se está muriendo aquí
en este dedo oscuro que pone nombres a las cosas,
en el árbol, dejado ya de ser olvido y pesadumbre.

 

Sola estoy comiendo los pedazos
que van quedando de mí,
mientras intento recuerdos en el cofre,
pequeños gajos de papel.

 

Yo mujer, estoy fumando mi tristeza,
expío mis ojos, mentiras que soñé,
infieles en el juego del amor.

 

Mis senos fueron las piedras de la ruina,
tizones que quemaron las manos del poema.
Y sola voy dejando los espejos a mis otros:
incendiada, mi mujer se murió de morir.

 

De la misma forma en que me prolongué,
con vértigo, con el terror al odio en la sonrisa,
he amado.

 

(Los hombres olvidan el agua que los limpia del infierno.
El rostro que me alerta en los cristales es el mío).

 

Soy
Esta mujer de aire, esta pupila imbécil
que despierta las sirenas y los pájaros,
este número de plomo
que se entierra en el cráneo.

 

Soy también
una mueca que va mojando sílabas,
garabato pequeño que se escurre
y entra al sueño del poema.

 

El poema siempre está solo.
La soledad es palabra
en el instante de la muerte.

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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