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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Octavio Paz (México: 1914 – 1998)




Teus olhos

Teus olhos são a pátria
do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento,
mar sem ondas, pássaros presos,
douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira do bosque
onde a luz canta no ombro
de uma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã
encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo,
portas do mais além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
absoluto que pestaneja, páramo.


Tus ojos


Tus ojos son la patria
del relámpago y de la lágrima,
silencio que habla,
tempestades sin viento,
mar sin olas, pájaros presos,
doradas fieras adormecidas,
topacios impíos como la verdad,
otoño en un claro del bosque
en donde la luz canta en el hombro
de un árbol y son pájaros todas las hojas,
playa que la mañana
encuentra constelada de ojos,
cesta de frutos de fuego,
mentira que alimenta,
espejos de este mundo,
puertas del más allá,
pulsación tranquila del mar a mediodía,
absoluto que parpadea, páramo.

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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