Mostrando postagens com marcador Argentina: Jorge Luis Borges (1899 – 1986) - Elogio da sombra 14 / 31: Rubayat. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Argentina: Jorge Luis Borges (1899 – 1986) - Elogio da sombra 14 / 31: Rubayat. Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de setembro de 2021

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)

Do livro Elogio da sombra – 14 / 31

  

Do livro Elogio da sombra – 14 / 31

 

Rubayat

 

Volte do persa em minha voz a métrica
A recordar que o tempo é diversa
Trama de sonhos ávidos que somos
E que o secreto Sonhador dispersa.

Volte a afirmar que o fogo é a cinza,
A carne o pó, o rio o passageiro
reflexo da tua e da minha vida
Que devagar dispersam-se ligeiros.

Volte a afirmar que o árduo monumento
Que erige a presunção é como o vento
Que passa, e que à luz inconcebível
Do Eterno, são cem anos um momento.

Volte a acautelar que o rouxinol de ouro
Canta por uma só vez no sonoro
Ponto excelso da noite, e que seus astros
Avaros não prodigam seu tesouro.

Volte a lua ao verso que tua mão
Escreve como volta no temporão
Azul a teu jardim. A mesma lua
Desse jardim buscar-te-á em vão.

Que sejam sob a lua das mais ternas
Tardes teu humilde exemplo essas cisternas,
Em cujo espelho d’água se repetem
Umas poucas imagens sempiternas.

E que a lua do persa e os imprecisos
dourados dos crepúsculos desertos
Voltem. Hoje é ontem. És os outros
Cujo semblante é pó. Tu és os mortos.

 

Rubaiyat


Torne en mi voz la métrica del persa
A recordar que el tiempo es la diversa
Trama de sueños ávidos que somos
Y que el secreto Soñador dispersa.


Torne a afirmar que el fuego es la ceniza,
La carne el polvo, el río la huidiza
Imagen de tu vida y de mi vida
Que lentamente se nos va de prisa.


Torne a afirmar que el arduo monumento
Que erige la soberbia es como el viento
Que pasa, y que a la luz inconcebible
de Quien perdura, un siglo es un momento.


Torne a advertir que el ruiseñor de oro
Canta una sola vez en el sonoro
Ápice de la noche y que los astros
Avaros no prodigan su tesoro.


Torne la luna al verso que tu mano
Escribe como torna en el temprano
Azul a tu jardín. La misma luna
De ese jardín te ha de buscar en vano.

 

Sean bajo la luna de las tiernas
Tardes tu humilde ejemplo las cisternas,
En cuyo espejo de agua se repiten
Unas pocas imágenes eternas.


Que la luna del persa y los inciertos
Oros de los crepúsculos desiertos
Vuelvan. Hoy es ayer. Eres los otros
Cuyo rostro es el polvo. Eres los muertos.


Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...