sábado, 3 de outubro de 2020

Mary Oliver (EUA: 1935 – 2019)

 


 

Um sonho com árvores

 

Há algo em mim que sonhou com árvores,

Uma casa sossegada, alguns acres verdes e modestos

Um pouco distantes de tumultuadas cidades,

Um pouco distantes de fábricas, escolas, lamentos.

Eu teria tempo, pensei, e tempo de sobra,

Tendo apenas riachos e aves por companhia,

Fazer de minha vida umas poucas estrofes selvagens.

E então pensei, assim era a morte,

Um pouco longe de qualquer lugar.

 

Há algo em mim que sonhou com árvores.

Mas deixe estar. Nostálgicos da moderação,

Metade dos artistas do mundo recua ou se perde.

Se qualquer deles encontrar a solução, que o diga.

Entrementes eu inclino o coração à lamentação

Onde, à medida que os tempos suplicam por nosso

veraz envolvimento,

As lâminas de cada crise apontam o caminho.

 

Eu gostaria que não fosse assim, mas assim é.

Quem foi que compôs música sobre um dia ameno?

 

A dream of trees

 

There is a thing in me that dreamed of trees,

A quiet house, some green and modest acres

A little way from every troubling town,

A little way from factories, schools, laments.

I would have time, I thought, and time to spare,

With only streams and birds for company,

To build out of my life a few wild stanzas.

And then it came to me, that so was death,

A little way away from everywhere.

 

There is a thing in me still dreams of trees.

But let it go. Homesick for moderation,

Half the world's artists shrink or fall away.

If any find solution, let him tell it.

Meanwhile I bend my heart toward lamentation

Where, as the times implore our true involvement,

The blades of every crisis point the way.

 

I would it were not so, but so it is.

Who ever made music of a mild day?

 

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