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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Olga Acevedo (Chile: 1895 – 1970)




Saudade

Mês de julho... A terra jaz paralisada..., toda
envolta em sua capa de veludo glacial.
Sob o céu de plumas de neve ela se acomoda
como pode... E chora sob o mais leve umbral.

Mês de julho... Tristeza de alamedas desertas.
Jorros d’água que choram não sei que Miserere...
Desvanecida essência de roseiras mortas...
Mês de julho...  Que pena quando a luz se esvai e morre!

Que pena ver na montanha a desolada cila
da tarde! Que pena! Por trás do gelo espantável
destes dias polares, se agiganta e perfila
mais que nunca a pena do que seja “inalcançável!”

Mês de julho... toda a existência é uma voz perdida
que vai e vem na escuridão... Uma voz desconsolada...
Em luto lacrimoso como o da alma ferida,
nas capelas dá a Deus sua dor agoniada!

Mês de julho...
A vida como uma luz de seda
soluça muito distante sob seus leves juncos...
E de joelhos no meio da neve se queda
como imenso ramalhete de azulados prantos!


Saudade


Mes de julio... La Tierra yace aterida..., toda
envuelta en su gran capa de terciopelo blanco.
Bajo el cielo de plúmulas de nieve se acomoda
como puede... !Llora bajo el más leve tranco!

Mes de Julio... Tristeza de alamedas desiertas.
Surtidores que lloran no sé qué Miserere...
Devanecida esencia de rosaledas muertas...
Mes de Julio... !Qué pena cuando la luz se muere!

!Que pena en la Montaña la desolada esquila
de la tarde! Que pena! Tras el hielo espantable
de estos dias polares, se agiganta y perfila
más que nunca la pena de “lo inalcanzable!”

Mes de julio...  la vida es una voz perdida
que va y viene en la sombra... Voz desolada... Voz
enlutada de lágrimas como de una alma herida
que en las capillas solas da su congoja a Dios!

Mes de julio...
La vida como una luz de seda
muy lejana solloza bajo sus leves tules...
Y arrodillada en medio de la nieve se queda
como un inmenso ramo de lágrimas azules!





Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

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