Mostrando postagens com marcador Argentina: Alejandra Pizarnik (1936 – 1972) - Árvore de Diana / Árbol de Diana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Argentina: Alejandra Pizarnik (1936 – 1972) - Árvore de Diana / Árbol de Diana. Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de janeiro de 2020

Alejandra Pizarnik (Argentina, 1936 – 1972)





(Tradução de Wagner Mourão Brasil e Isaias Edson Sidney)


Árvore de Diana

1

Saltei de mim para o arrebol.
Deixei meu corpo junto à luz
e cantei a tristeza do que nasce.

2

Estas são as versões que nos propõe:
Um buraco, uma parede que treme...

3

somente a sede
o silêncio
nenhum encontro

cuida de mim meu amor
cuida da silenciosa no deserto
da viajante com o copo vazio
e da sombra de sua sombra

4

     POIS BEM:
Quem deixará de afundar a mão em busca
da esmola para a pequena esquecida. O frio
pagará. Pagará o vento. A chuva pagará.
Pagará o trovão.

Para Aurora e Julio Cortázar


5

por um minuto de vida breve
única de olhos abertos
por um minuto em que se vê
no cérebro flores pequenas
dançando como palavras na boca de um mudo

6

ela se despe no paraíso
de sua memória
ela desconhece o feroz destino
de suas visões
ela tem medo de não saber o nome
do que não existe

7

Salta com a camisa em chamas
de estrela em estrela
de sombra em sombra.
morre de morte distante
a que ama ao vento.

8

Memória iluminada, galeria onde vaga a sombra do
que espero.
Não é verdade que virá. Não é verdade que
não virá.

9

Estes ossos brilhando na noite
estas palavras como pedras preciosas
na garganta viva de um pássaro petrificado,
este verde muito amado,
este lilás quente,
este coração solitário misterioso.

10

um vento fraco
pleno de rostos duplicados
que recorto em formas de objetos para amar

11

agora
nesta hora inocente
eu e a que fui nos sentamos
no umbral de meu olhar

12

não mais as doces metamorfoses de uma menina de seda
sonâmbula agora na cornija de bruma

seu despertar de mão respirando
como flor que se abre ao vento

13

explicar com palavras deste mundo
que partiu de mim um barco me levando

14

O poema que não digo,
aquilo que não mereço.
Medo de ser dois
caminho do espelho:
em mim alguém adormecido
me come e me bebe.

15

Estranho desacostumar-me
da hora em que nasci.
Estranho não mais exercer
função de recém-chegada.

16

construíste tua casa
emplumaste teus pássaros
golpeaste o vento
com teus próprios ossos

terminaste sozinha
o que ninguém começou

17

Dias em que uma palavra distante se apossa de mim. Vou por esses
dias sonâmbula e transparente. A formosa autômata
se canta, se encanta, conta-se casos e coisas: ninho de fios
rígidos onde danço e choro em meus incontáveis
funerais. (Ela é seu espelho incendiado, sua espera em
frias fogueiras, seu elemento místico, sua fornicação de
nomes crescendo sozinhos na noite pálida.)

18

Como um poema inteirado
do silêncio das coisas
tu falas para não ver-me

19

quando vir os olhos
que tatuados tenho nos meus

20

diz que não sabe do medo da morte do amor
diz que tem medo da morte do amor
diz que o amor é morte é medo
diz que a morte é medo é amor
diz que não sabe

A Laure Bataillon

21

nasci tanto
e duplamente sofri
na memória daqui e de lá

22

na noite

um espelho para a pequena morta

um espelho de cinzas

23

um olhar vindo do esgoto
pode ser uma visão do mundo

a rebelião consiste em olhar uma rosa
até se pulverizarem os olhos

24

(Um desenho de Wols)

estes fios aprisionam as sombras
e as obrigam a prestar contas do silêncio
estes fios unem o olhar ao soluço

25

(exposição de Goya)

um buraco na noite
subitamente invadido por um anjo

26

(um desenho de Klee)

quando o palácio da noite
acender sua beleza
tocaremos os espelhos
até que nossos rostos cantem como ídolos

27

um golpe do arrebol nas flores
abandona-me ébria de nada e de luz lilás
ébria de imobilidade e de certeza

28

tu te afastas dos nomes
que fiam o silêncio das coisas

29

Aqui vivemos com a mão na garganta. Que nada
é possível já o sabiam os que inventavam chuvas
e teciam palavras no tormento da ausência.
Por isso em suas preces havia um som de mãos
enamoradas da bruma.

A André Pieyre de Mandiargues

30

no inverno fabuloso
a melancolia das asas na chuva
na memória da água dedos de bruma

31

é um fechar de olhos e jurar não abri-los. Enquanto lá fora
se alimentam de relógios e flores nascidas da astúcia.
Mas com os olhos fechados e um sofrimento realmente
muito grande nós tocamos os espelhos até que as
palavras esquecidas soem magicamente.

32

Zona de pragas onde a adormecida come
lentamente
seu coração de meia-noite.

33

alguma vez
alguma vez talvez
vou-me embora sem ficar
vou-me embora como quem se vai

A Ester Singer

34

a pequena viajante
morria explicando sua morte

sábios animais nostálgicos
visitavam seu corpo quente

35

Vida, minha vida, deixa-te cair, deixa-te sofrer, minha vida
deixa-te enredar-se de fogo, de silêncio ingênuo, de
pedras verdes na casa da noite, deixa-te cair
e sofrer, minha vida.

36

na jaula do tempo
a adormecida olha seus olhos solitários

o vento lhe traz
a tênue resposta das folhas

A Alain Glass

37

muito além de qualquer zona proibida
há um espelho para nossa triste transparência

38

este canto arrependido, vigia por trás de meus poemas:

este canto me desmente, amordaça-me.




Árbol de Diana

1

He dado el salto de mí al alba.
He dejado mi cuerpo junto a la luz
y he cantado la tristeza de lo que nace.

2

Estas son las versiones que nos propone:
un agujero, una pared que tiembla…

3

sólo la sed
el silencio
ningún encuentro

cuídate de mí amor mío
cuídate de la silenciosa en el desierto
de la viajera con el vaso vacío
y de la sombra de su sombra

4

AHORA BIEN:
Quién dejará de hundir su mano en busca
del tributo para la pequeña olvidada. El frío
pagará. Pagará el viento. La lluvia pagará.
Pagará el trueno.

A Aurora e Julio Cortázar

5

por un minuto de vida breve
única de ojos abiertos
por un minuto de ver
en el cerebro flores pequeñas
danzando como palabras en la boca de un mudo

6

ella se desnuda en el paraíso
de su memoria
ella desconoce el feroz destino
de sus visiones
ella tiene miedo de no saber nombrar
lo que no existe

7

Salta con la camisa en llamas
de estrella a estrella,
de sombra en sombra.
Muere de muerte lejana
la que ama al viento.

8

Memoria iluminada, galería donde vaga la sombra de lo
que espero.
No es verdad que vendrá. No es verdad que
no vendrá.

9

Estos huesos brillando en la noche,
estas palabras como piedras preciosas
en la garganta viva de un pájaro petrificado,
este verde muy amado,
este lila caliente,
este corazón sólo misterioso.

10

un viento débil
lleno de rostros doblados
que recorto en forma de objetos que amar

11

ahora
en esta hora inocente
yo y la que fui nos sentamos
en el umbral de mi mirada

12

no más las dulces metamorfosis de una niña de seda
sonámbula ahora en la cornisa de niebla

su despertar de mano respirando
de flor que se abre al viento

13

explicar con palabras de este mundo
que partió de mí un barco llevándome

14

El poema que no digo,
el que no merezco.
Miedo de ser dos
camino del espejo:
alguien en mí dormido
me come y me bebe.

15

Extraño desacostumbrarme
de la hora en que nací.
Extraño no ejercer más
oficio de recién llegada.

16

has construido tu casa
has emplumado tus pájaros
has golpeado al viento
con tus propios huesos

has terminado sola
lo que nadie comenzó

17

Días en que una palabra lejana se apodera de mí. Voy por
esos días sonámbula y transparente. La hermosa autómata
se canta, se encanta, se cuenta casos y cosas: nido de hilos
rígidos donde me danzo y me lloro en mis numerosos
funerales. (Ella es su espejo incendiado, su espera en
hogueras frías, su elemento místico, su fornicación de
nombres creciendo solos en la noche pálida.)

18

Como un poema enterado
del silêncio de las cosas
hablas para no verme

19

quando vea los ojos
que tengo en los mios tatuados

20


dice que no sabe del miedo de la muerte del amor
dice que tiene miedo de la muerte del amor
dice que el amor es muerte es miedo
dice que la muerte es miedo es amor
dice que no sabe

a Laure Bataillon

21

he nacido tanto
y doblemente sufrido
en la memoria de aquí y de allá

22

en la noche

un espejo para la pequeña muerta

un espejo de cenizas

23

una mirada desde la alcantarilla
puede ser una visión del mundo

la rebelión consiste en mirar una rosa
hasta pulverizarse los ojos


24

Un dibujo de Wols)

estos hilos aprisionan a las sombras
y las obligan a rendir cuentas del silêncio
estos hilos unen la mirada al sollozo

25

(exposición Goya)

un agujero en la noche
súbitamente invadido por un ángel

26

(un dibujo de Klee)

cuando el palacio de la noche
encienda su hermosura
pulsaremos los espejos
hasta que nuestros rostros canten como ídolos

27

un golpe del alba en las flores
me abandona ebria de nada y de luz lila
ebria de inmovilidad y de certeza

28

te alejas de los nombres
que hilan el silencio de las cosas

29

Aqui vivimos con una mano en la garganta. Que nada
es posible ya lo sabian los que inventaban lluvias
y tejian palavras en el tormento de la ausencia.
Por eso en sus plegarias había un sonido de manos
enamoradas de la niebla.

A André Pieyre de Mandiargues

30

en el invierno fabuloso
la endecha de las alas en lu lluvia
en la memoria del agua dedos de niebla

31

es un cerrar de ojos y jurar no abrirlos. En tanto afuera
 se alimenten de relojes y de flores nacidas de la astucia.
Pero con los ojos cerrados y un sufrimiento en verdad
demasiado grande pulsamos los espejos hasta que las
palavras olvidadas suenen mágicamente.

32

Zona de plagas donde la dormida come
lentamente
su corazón de medianoche.

33

alguna vez
alguna vez tal vez
me iré sin quedarme
me iré como quien se va

A Ester Singer

34

la pequeña viajera
moría explicando su muerte

sabios animales nostálgicos
visitaban su cuerpo caliente

35

Vida, mi vida, déjate caer, déjate doler, mi vida,
déjate enlazar de fuego, de silencio ingenuo, de
piedras verdes en la casa de la noche, déjate caer
y doler, mi vida.

36

en la jaula del tiempo
la dormida mira sus olhos solos

el viento le trae
la tenue respuesta de las hojas

A Alain Glass

37

más allá de cualquier zona prohibida
hay un espejo para nuestra triste transparencia

38

Este canto arrepentido, vigía detrás de mis poemas:

este canto me desmiente, me amordaza.







Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...