Mostrando postagens com marcador Nigéria: Wole Soyinka (1934 –) - Conversa ao Telefone / The Telephone Conversatio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nigéria: Wole Soyinka (1934 –) - Conversa ao Telefone / The Telephone Conversatio. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Wole Soyinka (Nigéria: 1934 –)




Conversa ao Telefone


O preço parecia razoável, a localização,
Indiferente. A senhoria jurou que vivia
Fora das dependências. Nada restou
Exceto a confissão “Madame”, adverti,
“Detesto viagem perdida – sou africano.”
Silêncio. Transmissão silenciosa de
Forçada boa-educação. A voz, quando voltou
Veio revestida de batom, longa e dourada
Piteira sugada. Fui traiçoeiramente apanhado
“QUÃO ESCURO?...... eu não ouvira mal......
“VOCÊ É CLARO OU MUITO ESCURO” Botão A, Botão B, fedor
Do hálito rançoso de cabine telefônica
Vermelha. Caixa postal vermelha. Ônibus vermelho
De dois andares recendendo a alcatrão. Era real. Envergonhada
Pelo silêncio mal-educado, a rendição
Exigiu um embaraçado pedido de simplificação.
Atenciosa, até que ela foi, mudando a ênfase –
“VOCÊ É ESCURO? OU MUITO CLARO?” veio a revelação
“Quer dizer – como chocolate puro ou ao leite?”
Sua aceitação foi clínica, massacrante em sua leve
Impessoalidade. Rapidamente, com ajuste de comprimento de onda, 
Escolhi “Sépia oeste-africana” – e reconsiderando,
“Como em meu passaporte.” Silêncio para um espectroscópico
Voo da imaginação, até que a honestidade ressoou seu sotaque
Inflexível sobre o bocal. “O QUE É ISSO?” admitindo
“NÃO SEI O QUE É ISSO” “Como moreno”
“ISSO É ESCURO, NÃO É?” "Não precisamente,
No rosto eu sou moreno, mas Madame deveria ver
O restante de mim. As palmas das mãos, as solas dos pés
São de um louro oxigenado. A fricção produzida –
Isso é ridículo, Madame – quando me sento, faz 
Meu traseiro ficar preto-corvo" – Um momento – percebendo
Seu receptor produzindo uma trovoada
Em minhas orelhas – “Madame”, pleiteei, “não gostaria
De ver por si mesma?" 


The Telephone Conversation


The price seemed reasonable, location 
Indifferent. The landlady swore she lived 
Off premises. Nothing remained 
But self-confession “Madam, I warned, 
“I hate a wasted journey - I am African.” 
Silence. Silenced transmission of 
Pressurized good–breeding. Voice, when it came 
Lipstick-coated, long gold-rolled 
Cigarette-holder pipped. Caught I was foully 
“HOW DARK?...... I had not misheard…… 
“ARE YOU LIGHT OR VERY DARK?” Button B, Button A, stench 
Of rancid breath of public hide-and–speak 
Red booth. Red pillar box. Red double-tiered 
Omnibus squelching tar. It was real. Shamed 
By ill-mannered silence, surrender 
Pushed dumbfounded to beg simplification. 
Considerate she was, varying the emphasis - 
“ARE YOU DARK? OR VERY LIGHT?" Revelation came 
“You mean – like plain or milk chocolate?” 
Her assent was clinical, crushing in its light 
Impersonality, Rapidly, wave length adjusted, 
I chose “West African sepia” - and as afterthought, 
“Down in my passport.” Silence for spectroscopic 
Flight of fancy, till truthfulness clanged her accent 
Hard on the mouthpiece. “WHAT IS THAT?” conceding 
“DON’T KNOW WHAT THAT IS” “Like brunette.” 
THAT’S DARK, ISN’T IT?” "Not altogether, 
Facially, I am a brunette, but Madam you should see 
The rest of me. Palm of my hand, soles of my feet 
Are a peroxide blonde. Friction caused - 
Foolishly, Madam – by sitting down, has turned 
My bottom raven black" - One moment – sensing 
Her receiver rearing on the thunderclap 
About my ears - “Madam” I pleaded “wouldn’t you rather 
See for yourself?”




Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...