Mostrando postagens com marcador Chile: Pablo Neruda (1904 – 1973) - Não dizer nada / A Callarse. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Chile: Pablo Neruda (1904 – 1973) - Não dizer nada / A Callarse. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)




Não dizer nada


Agora contaremos até doze
e permaneceremos todos quietos.

Por uma vez sobre a terra
não falemos em nenhum idioma,
por um segundo detenhamo-nos,
não movamos tanto os braços.

Seria um minuto odorífero,
sem pressa, sem locomotivas,
todos estaríamos juntos
em uma quietude instantânea.

Os pescadores do mar frio
não causariam dano às baleias
e o trabalhador das salinas
olhariam suas mãos rotas.

Aqueles que planejam guerras verdes,
guerras de gás, guerras de fogo
vitórias sem sobreviventes,
vestiriam roupas puras
e andariam com seus irmãos
pela sombra, sem fazer coisa nenhuma.

Não se confunda o que quero
com a inércia definitiva:
A vida é apenas o que se faz,
não quero nada com a morte.

Se não pudermos ser unânimes
movendo tanto nossas vidas,
talvez não fazer nada por uma vez,
talvez um grande silêncio possa
interromper esta tristeza,
este não nos entendermos jamais
e ameaçar-nos com a morte,
talvez a terra nos ensine
quando tudo parece morto
e depois tudo estava vivo.

Agora contarei até doze
e tu te calas e me vou.


A Callarse


Ahora contaremos doce
y nos quedamos todos quietos.

Por una vez sobre la tierra
no hablemos en ningún idioma,
por un segundo detengámonos,
no movamos tanto los brazos.

Seria un minuto fragante,
sin prisa, sin locomotoras,
todos estaríamos juntos
en una inquietud instantánea.

Los pescadores del mar frío
no harían daño a las ballenas
y el trabajador de la sal
miraría sus manos rotas.

Los que preparan guerras verdes,
guerras de gas, guerras de fuego,
victorias sin sobrevivientes,
se pondrían un traje puro
y andarían con sus hermanos
por la sombra, sin hacer nada.

No se confunda lo que quiero
con la inacción definitiva:
la vida es solo lo que se hace,
no quiero nada con la muerte.

Si no pudimos ser unánimes
moviendo tanto nuestras vidas,
tal vez no hacer nada una vez,
tal vez un gran silencio pueda
interrumpir esta tristeza,
este no entendernos jamás
y amenazarnos con la muerte,
tal vez la tierra nos enseñe
cuando todo parece muerto
y luego todo estaba vivo.

Ahora contare hasta doce
y tu te callas y me voy.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...