sábado, 27 de junho de 2020

Rubén Darío (Nicarágua: 1867 – 1916)


Triste, muito tristemente


Um dia estava eu triste, muito tristemente
olhando como caía a água de uma fonte.

Era a noite doce e argentina. Chorava
a noite. Suspirava a noite. Soluçava

a noite. E o crepúsculo em sua terna ametista,
diluía a lágrima de um misterioso artista.

E esse artista era eu, misterioso e gemente,
que misturava minha alma ao jorro da fonte.


Triste, muy tristemente


Un día estaba yo triste, muy tristemente
viendo cómo caía el agua de una fuente.

Era la noche dulce y argentina. Lloraba
la noche. Suspiraba la noche. Sollozaba

la noche. Y el crepúsculo en su suave amatista,
diluía la lágrima de un misterioso artista.

Y ese artista era yo, misterioso y gimiente,
que mezclaba mi alma al chorro de la fuente.



Terceira de Quatro Canções Melancólicas 


sexta-feira, 26 de junho de 2020

Rubén Darío (Nicarágua: 1867 – 1916)



  
Siga em Frente e Olvida


Esse é meu mal: sonhar

Peregrino que vais buscando em vão
um destino melhor que teu destino,
como queres que te dê a minha mão,
se meu signo é teu signo, Peregrino?

Não chegarás jamais ao teu destino;
levas a morte em ti qual vaga-lume
que ao que possuis de humano em ti consome...
o que tens de humano e tens de divino!



Segue tranquilamente, oh! caminhante!
Todavia fica muito distante
esse país ignoto com que sonhas...

... E sonhar é um mal. Siga em frente e olvida,
pois se te empenhas em sonhar, te empenhas
em aventar a chama de tua vida.


Pasa y olvida


Ese es mi mal: Soñar.

Peregrino que vas buscando en vano
un camino mejor que tu camino,
¿cómo quieres que yo te dé la mano,
si mi signo es tu signo, Peregrino?

No llegarás jamás a tu destino;
llevas la muerte en ti como el gusano
que te roe lo que tienes de humano…
¡lo que tienes de humano y de divino!

Sigue tranquilamente, ¡oh, caminante!
Todavía te queda muy distante
ese país incógnito que sueñas …

… Y soñar es un mal. Pasa y olvida,
pues si te empeñas en soñar, te empeñas
en aventar la llama de tu vida.



Segunda de Quatro Canções Melancólicas




quinta-feira, 25 de junho de 2020

Rubén Darío (Nicarágua: 1867 – 1916)



Noturno


a Mariano de Cavia


Vós, os que auscultastes o coração da noite, 
vós, que pela tenaz insônia haveis ouvido
o cerrar de uma porta, o ressoar distante 
de um carro, um eco vago, um rápido ruído...

Nos instantes do silêncio misterioso,
quando são libertos da prisão os esquecidos,
na hora que é dos mortos, na hora que é do repouso,
sabereis ler estes versos de amargor embebidos!

Como num vaso verto neles minhas dores
de antigas lembranças e desgraças funestas,
e as tristes nostalgias da alma, ébria de flores,
e a dor do meu coração, saudoso de festas.

E o pesar de não mais ser o que havia sido,
e a perda do reino que estava reservado a mim,
a ideia de que eu pudesse não ter nascido,
e o sonho desta vida desde que nasci!

Tudo isto vem em meio ao silêncio profundo
no qual a noite envolve a terrena ilusão,
e sinto-o como o eco do coração do mundo
que adentra e comove o meu próprio coração.


Nocturno


a Mariano de Cavia


Los que auscultasteis el corazón de la noche,
los que por el insomnio tenaz habéis oído
el cerrar de una puerta, el resonar de un coche
lejano, un eco vago, un ligero ruido …

En los instantes del silencio misterioso,
cuando surgen de su prisión los olvidados,
en la hora de los muertos, en la hora del reposo,
¡sabréis leer estos versos de amargor impregnados!

Como en un vaso vierto en ellos mis dolores
de lejanos recuerdos y desgracias funestas,
y las tristes nostalgias de mi alma, ebria de flores,
y el duelo de mi corazón, triste de fiestas.

Y el pesar de no ser lo que yo hubiera sido,
y la pérdida del reino que estaba para mí,
el pensar que un instante pude no haber nacido,
¡y el sueño que es mi vida desde que yo nací!

Todo esto viene en medio del silencio profundo
en que la noche envuelve la terrena ilusión,
y siento como un eco del corazón del mundo
que penetra y conmueve mi propio corazón.



 (Primeira de Quatro Canções Melancólicas)


quarta-feira, 24 de junho de 2020

Rubén Darío (Nicarágua: 1867 – 1916) *



Canção de Outono na Primavera


Juventude, excelso tesouro,
já te vais para não volver!
Se desejo chorar, não choro...
e às vezes choro sem querer...


Múltipla tem sido a celeste
história do meu coração.
Era a doce menina, neste
mundo de dor e de aflição.


Olhava como a alba mais pura;
sorria tal qual uma flor.
A sua cabeleira escura
Formada era de noite e dor.


Eu, tímido qual garotinho,
Ela, naturalmente, era,
para a minha afeição de arminho
Herodíade e Salomé...


Juventude, excelso tesouro,
já te vais para não volver!
Se desejo chorar, não choro...
e às vezes choro sem querer...


E mais consoladora e mais
bajuladora e expressiva,
a outra foi mais sensitiva
como não pensei achar jamais.


Pois à sua contínua ternura
uma paixão violenta unia.
Em um peplo de gaze pura
Uma bacante se envolvia...


Nos seus braços tomou meu sonho
e o ninou como a um bebé...
e te matou, infante e tristonho,
falto de luz, falto de fé.


Juventude, excelso tesouro,
já te vais para não volver!
Se desejo chorar, não choro...
e às vezes choro sem querer...


Outra julgou ser minha boca
um estojo da sua paixão;
e que roeria, aloucada,
com seus dentes meu coração.


Pondo num afeto sobejo
a mira de sua vontade,
enquanto que abraços e beijos
síntese eram da eternidade;


e de nossa carne ligeira
sempre um Éden imaginar,
sem esperar que a Primavera
vai como a carne se acabar.


Juventude, excelso tesouro,
já te vais para não volver!
Se desejo chorar, não choro...
e às vezes choro sem querer...


E as outras mais! Em tantos climas,
em tantas terras sempre são,
senão pretextos das mi'as rimas
fantasmas do meu coração.


Em vão eu busco pela princesa
já triste de tanto esperar.
A vida é dura. Amarga e pesa.
Já não há mais princesa a cantar!


Apesar do tempo teimoso
Mi'a sede de amor não tem fim;
com o meu cabelo grisalho
chego aos roseirais do jardim.


Juventude, excelso tesouro,
já te vais para não volver!
Se desejo chorar, não choro...
e às vezes choro sem querer...


Mas a mim pertence a Alba de ouro!



Canción de Otoño en Primavera


Juventud, divino tesoro,
¡ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar, no lloro...
y a veces lloro sin querer...

Plural ha sido la celeste
historia de mi corazón.
Era una dulce niña, en este
mundo de duelo y de aflicción.

Miraba como el alba pura;
sonreía como una flor.
Era su cabellera obscura
hecha de noche y de dolor.

Yo era tímido como un niño.
Ella, naturalmente, fue,
para mi amor hecho de armiño,
Herodías y Salomé...

Juventud, divino tesoro,
¡ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar, no lloro...
y a veces lloro sin querer...

Y más consoladora y más
halagadora y expresiva,
la otra fue más sensitiva
cual no pensé encontrar jamás.

Pues a su continua ternura
una pasión violenta unía.
En un peplo de gasa pura
una bacante se envolvía...

En sus brazos tomó mi ensueño
y lo arrulló como a un bebé...
Y te mató, triste y pequeño,
falto de luz, falto de fe...



Juventud, divino tesoro,
¡te fuiste para no volver!
Cuando quiero llorar, no lloro...
y a veces lloro sin querer...

Otra juzgó que era mi boca
el estuche de su pasión;
y que me roería, loca,
con sus dientes el corazón.

Poniendo en un amor de exceso
la mira de su voluntad,
mientras eran abrazo y beso
síntesis de la eternidad;

y de nuestra carne ligera
imaginar siempre un Edén,
sin pensar que la Primavera
y la carne acaban también...

Juventud, divino tesoro,
¡ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar, no lloro...
y a veces lloro sin querer.

¡Y las demás! En tantos climas,
en tantas tierras siempre son,
si no pretextos de mis rimas
fantasmas de mi corazón.

En vano busqué a la princesa
que estaba triste de esperar.
La vida es dura. Amarga y pesa.
¡Ya no hay princesa que cantar!

Mas a pesar del tiempo terco,
mi sed de amor no tiene fin;
con el cabello gris, me acerco
a los rosales del jardín...

Juventud, divino tesoro,
¡ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar, no lloro...
y a veces lloro sin querer...



¡Mas es mía el Alba de oro!


Nota:

(*) Félix Rubén García Sarmiento foi iniciador e máximo representante do Modernismo literário em língua espanhola. É possivelmente o poeta que tenha tido, na poesia espanhola do século XX, uma maior e mais duradoura influência. É chamado príncipe de las letras castellanas. O erotismo é um dos temas centrais de sua poesia, e alguns críticos afirmam que se trata do tema essencial de sua obra poética, ao que todos os demais estão subordinados. A poesia de Darío se diferencia da poesia de outros poetas amorosos pela inexistência da personagem literária da amada ideal, pois nela sobressaem muitas amadas passageiras.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Emily Dickinson (Estados Unidos: 1830 – 1886)


Poema J425 / F382


Bom dia - Meia-Noite –
Estou de volta à Casa –
O Dia – enfastiou-se Comigo –
Como poderia eu – com Ele?

A luz solar era um lugar de doçura –
Lá, ficar eu gostaria –
Mas a Manhã - não me quis – agora –
Então – Boa noite – Dia!

Posso olhar – não posso? –
O Leste em sua Vermelhidão?
As colinas – elas dão seu jeito – pois –
De pôr à larga – o Coração –

Você - não é tão clara – Meia-Noite –
Eu escolhi – o Dia –
Mas – peço-lhe que acolha uma Garotinha –
A quem ele rejeitaria.


J425 / F382


Good Morning - Midnight -
I'm coming Home -
Day - got tired of Me -
How could I - of Him?

Sunshine was a sweet place -
I liked to stay -
But Morn - didn't want me - now -
So - Goodnight - Day!

I can look - can't I -
When the East is Red?
The Hills - have a way - then -
That puts the Heart - abroad -

You - are not so fair - Midnight -
I chose - Day -
But - please take a little Girl -
He turned away!

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Roque Dalton García (São Salvador: 1935 – 1975)


Por Assim Dizer


"O marxismo-leninismo é uma pedra
para quebrar-se a cabeça do imperialismo
e da burguesia."
"Não. O marxismo-leninismo é uma tira de borracha
com que se arremessa uma pedra."

"Não, não. O marxismo-leninismo é uma ideia
que move o braço
que por sua vez retesa a tira de borracha
da atiradeira que arremessa essa pedra."

"O marxismo-leninismo é a espada
para se cortar as mãos do imperialismo."

"Que seja! O marxismo-leninismo é a teoria
de como cortar as unhas do imperialismo
enquanto se busca pela oportunidade de amarrar-lhe as mãos."

"Que farei eu se passei a vida
lendo o marxismo-leninismo
e depois de crescido esqueci
que tenho os bolsos cheios de pedras
e uma atiradeira no bolso de trás
e que facilmente conseguiria uma espada
e que não suportaria ficar por cinco minutos
num Salão de Beleza?


Decires 


«El marxismo-leninismo es una piedra
para romperle la cabeza al imperialismo
y a la burguesía.»

«No. El marxismo-leninismo es la goma elástica
con que se arroja esa piedra.»

«No, no. El marxismo-leninismo es la idea
que mueve el brazo
que a su vez acciona la goma elástica
de la honda que arroja esa piedra.»

«El marxismo-leninismo es la espada
para cortar las manos del imperialismo.»

«Qué va! El marxismo-leninismo es la teoría
de hacerle la manicure al imperialismo
mientras se busca la oportunidad de amarrarle las manos.»

¿Qué voy a hacer si me he pasado la vida
leyendo el marxismo-leninismo
y al crecer olvidé
que tengo los bolsillos llenos de piedras
y una honda en el bolsillo de atrás
y que muy bien me podría conseguir una espada
y que no soportaría estar cinco minutos
en un Salón de Belleza?



("Faz-se política pondo-se a vida em jogo, ou dela não se fala.")

domingo, 21 de junho de 2020

Paul Verlaine (França: 1884 – 1896)



Em Surdina (*)


Calmos no dia em seu meio
Por altos galhos formado,
O nosso amor saturemos
Com o silêncio profundo.

Alma, coração, sentidos
extasiados fundamos
Com esses langores vagos
Dos pinhais e dos arbustos.

Os teus olhos fecha em parte,
Cruza os braços sobre os seios,
Do coração que adormece
Insiste em todos os sonhos.

Deixemo-nos transportar
Ao sopro embalante e doce
Que aos teus pés vem encrespar
As ondas da relva agreste.

Quando a noite, majestosa,
Dos negros robles baixar
A voz da nossa descrença,
O rouxinol vai cantar.


En Sourdine


Calmes dans le demi-jour
Que les branches hautes font,
Pénétrons bien notre amour
De ce silence profond.

Fondons nos âmes, nos cœurs
Et nos sens extasiés,
Parmi les vagues langueurs
Des pins et des arbousiers.

Ferme tes yeux à demi,
Croise tes bras sur ton sein,
Et de ton cœur endormi
Chasse à jamais tout dessein.

Laissons-nous persuader
Au souffle berceur et doux
Qui vient, à tes pieds, rider
Les ondes des gazons roux.

Et quand, solennel, le soir
Des chênes noirs tombera
Voix de notre désespoir,
Le rossignol chantera.


Nota:

(*) Em maio de 1891, Fauré começou a compor um ciclo de canções para voz e piano - Cinq mélodies de Venise, Op. 58 - com poemas de Paul Verlaine. Claude Debussy também compôs música para este poema. 




sábado, 20 de junho de 2020

Jacques Prévert (França: 1900 – 1977)




O Tempo Perdido


Defronte a porta da fábrica
o operário de súbito para
o bom tempo pelo casaco o puxara
e quando ele se volta
e o sol avista
tão vermelho e rotundo
sorridente em seu céu de chumbo
os olhos ele pisca
com intimidade
diz então Sol meu prezado
tu não pensas
que é uma aberração
um dia assim ser dado
a um patrão?


Le Temps Perdu


Devant la porte de l’usine
le travailleur soudain s’arrête
le beau temps l’a tiré par la veste
et comme il se retourne
et regarde le soleil
tout rouge tout rond
souriant dans son ciel de plomb
il cligne de l’œil
familièrement
Dis donc camarade Soleil
tu ne trouves pas
que c’est plutôt con
de donner une journée pareille
à un patron?



sexta-feira, 19 de junho de 2020

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)




O Apaixonado (*)

Luas, marfins, instrumentária, rosas,
lâmpadas, também de Dürer o traço,
nove algarismos e o mutável zero,
devo fingir que existem essas coisas.

Devo fingir que antes existiram
Persépolis e Roma e que uma areia
etérea mensurou a sorte da ameia
que os séculos de ferro corroeram.

Devo fingir as armas e a fogueira
da epopeia e os mais tormentosos mares
que desgastaram da terra os pilares;

Devo fingir que há outros. É mentira.
Apenas tu és. Tu, mi'a desventura
e mi'a ventura, inesgotável e pura.


El Enamorado


Lunas, marfiles, instrumentos, rosas,
lámparas y la línea de Durero,
las nueve cifras y el cambiante cero,
debo fingir que existen esas cosas.

Debo fingir que en el pasado fueron
Persépolis y Roma y que una arena
sutil midió la suerte de la almena
que los siglos de hierro deshicieron.

Debo fingir las armas y la pira
de la epopeya y los pesados mares
que roen de la tierra los pilares.

Debo fingir que hay otros. Es mentira.
Sólo tú eres. Tú, mi desventura
y mi ventura, inagotable y pura.


Nota:

(*) por fidelidade a métrica e rimas, vi-me forçado (até encontrar melhor solução) a traduzir 'linha de Dürer' por 'traço de Dürer', além de inverter a ordem das palavras e introduzir um 'também' que não existe no verso original. Ler a respeito do que seja a linha de Dürer em http://100swallows.wordpress.com/2012/01/26/durers-ingenious-lines/ (em inglês)

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)




O Alquimista


Lento na aurora um jovem exaurido
Pela delongada reflexão e as avaras
Vigílias considera ensimesmado
Os insones braseiros e alquitarras. [1]

Entende que o ouro, esse Proteu, espreita [2]
Por qualquer acaso, como o destino;
Entende que está no pó do caminho,
e também no arco, no braço e na seta.

Em sua dúbia visão de um ser secreto
Que se dissimula no astro e no lodo,
Pulsa aquele outro sonho de que tudo
É água, como viu Tales de Mileto [3].

Outra visão haverá; a de um eterno
Deus cuja ubíqua face é cada coisa,
Como dirá o geômetra Espinosa [4]
Num livro mais intrincado que o Averno... [5]

Nos extensos confins orientais
Do azul empalidecem os planetas,
O alquimista considera as secretas
Leis que juntam planetas e metais.

E entrementes crê tocar exaltado
O ouro, aquele que destruirá a Morte.
Deus, que sabe de alquimia, o converte
Em pó, em ninguém, em nada e em olvido.


El Alquimista


Lento en el alba un joven que han gastado
La larga reflexión y las avaras
Vigilias considera ensimismado
Los insomnes braseros y alquitaras.

Sabe que el oro, ese Proteo, acecha
Bajo cualquier azar, como el destino;
Sabe que está en el polvo del camino,
En el arco, en el brazo y en la flecha.

En su oscura visión de un ser secreto
Que se oculta en el astro y en el lodo,
Late aquel otro sueño de que todo
Es agua, que vio Tales de Mileto.

Otra visión habrá; la de un eterno
Dios cuya ubicua faz es cada cosa,
Que explicará el geométrico Spinoza
En un libro más arduo que el Averno...

En los vastos confines orientales
Del azul palidecen los planetas,
El alquimista piensa en las secretas
Leyes que unen planetas y metales.

Y mientras cree tocar enardecido
El oro aquél que matará la Muerte.
Dios, que sabe de alquimia, lo convierte
En polvo, en nadie, en nada y en olvido.


Notas:

[1] Aparelho de destilação sem serpentina.
[2] Na mitologia, deus marinho, filho de Poseidon e Tétis. Dotado do poder da premonição, era conhecedor dos caprichos do destino, mas não gostava de revelá-los aos humanos.
[3] Tales de Mileto: primeiro filósofo e matemático grego de que se tem notícia, para quem a água estava na origem de todas as coisas.
[4] Baruck de Espinosa, filósofo holandês, autor de "Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras".
[5] Averno, lago vulcânico próximo a Nápoles. Na mitologia, é a entrada para o mundo subterrâneo, governado por Plutão (Hades, na mitologia grega).



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...