quarta-feira, 10 de junho de 2020

e. e. cummings (Estados Unidos: 1894 – 1962)




minha doce velha et cetera


tia lucy durante a última

guerra poderia e mais
ainda lhe diria precisamente
sobre o que todo mundo estava lutando

por,
minha irmã

Isabel teceu centenas
(e
centenas) de meias para não
falar dos protetores de orelhas antipulgas
et cetera munhequeiras et cetera, minha
mãe esperava que

eu morresse et cetera
bravamente é claro meu pai costumava
ficar rouco de tanto falar sobre como seria
um privilégio se ele apenas
pudesse entrementes meu

próprio et cetera permanecia quietamente
na lama profunda et

cetera
(sonhando,
et cetera, com 
Seu sorriso
olhos joelhos e com sua Etcetera)


my sweet old etcetera


aunt lucy during the recent

war could and what
is more did tell you just
what everybody was fighting

for,
my sister

Isabel created hundreds
(and
hundreds)of socks not to
mention fleaproof earwarmers
etcetera wristers etcetera, my
mother hoped that

I would die etcetera
bravely of course my father used
to become hoarse talking about how it was
a privilege and if only he
could meanwhile my

self etcetera lay quietly
in the deep mud et

cetera
(dreaming,
et
cetera, of
Your smile
eyes knees and of your Etcetera)

terça-feira, 9 de junho de 2020

e. e. cummings (Estados Unidos: 1894 – 1962)




permite-me sentir, disse ele


posso sentir disse ele
(vou bramir disse ela
só uma vez disse ele)
é diversão disse ela
(posso tocar disse ele
vai durar disse ela
um tanto disse ele)
por que não disse ela
(vamos disse ele
não tão longe disse ela
o que é longe disse ele
onde estás disse ela)
posso ficar disse ele
(em que lugar disse ela
assim disse ele
se beijares disse ela
por favor disse ele
isto é amor disse ela)
se desejas disse ele
(mas estás matando disse ela
mas isto é viver disse ele
mas sua mulher disse ela
agora disse ele)
ó disse ela
odara disse ele
não para disse ela
oh não disse ele)
devagar disse ela
(ccclimax? disse ele
hummm disse ela)
és divina disse ele
(sou tua Dona disse ela)


may i feel said he


may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she
(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she
(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)
may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she
may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she
but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she
(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she
(cccome? said he
ummm said she)
you're divine! said he
(you are Mine said she)




segunda-feira, 8 de junho de 2020

William Wordsworth (Inglaterra: 1770 – 1850)



Meu Coração Palpita


Meu coração palpita quando admiro
Um arcos-iris no céu pintado:
Assim foi quando ainda mal era alguém;
Assim é agora que já sou homem;
Que assim seja quando tornar-me idoso,
Ou seja eu pela morte levado!
A Criança é o progenitor do Homem;
Queria que meus dias de idade
Unissem-se uns aos outros pela piedade.


My Heart Leaps Up


My heart leaps up when I behold 
A rainbow in the sky: 
So was it when my life began; 
So is it now I am a man; 
So be it when I shall grow old, 
Or let me die! 
The Child is father of the Man; 
And I could wish my days to be
Bound each to each by natural piety.



domingo, 7 de junho de 2020

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)



Os Enigmas


Houvestes perguntado sobre o que fia o crustáceo
entre suas patas douradas
e vos respondo: o mar o sabe.
Dizei-me, a que espera a ascídia em sua campânula transparente? A que espera?
E vos digo, espera como vós pelo tempo.
Perguntais-me: a quem se estende o abraço da alga Macrocystes? 
Indagai-o, indagai-o à certa hora, em certo mar que conheço.

Sem dúvida me perguntareis pelo marfim amaldiçoado do narval, para que eu vos responda 
sobre como o arpoado unicórnio marinho agoniza.
Perguntais-me talvez pelas plumas alcionárias que tremulam
nas incontaminadas origens da barra austral?
E sobre a arquitetura cristalina do pólipo haveis, sem dúvida, embaralhado 
uma pergunta a mais, formulando-a agora?
Quereis saber sobre a matéria eletrificada das hastes das profundezas?
O estalactite munido de armas que se quebra ao deslocar-se?
O anzol do peixe pescador, a música propagada
pelas profundezas como um fio n'água?

Quero dizer-vos que sobre isto sabe o mar, que a vida em seus estojos
É vasta como a areia, inumerável e pura
e entre as uvas da cor do sangue o tempo poliu a dureza de uma pétala, a luz da medusa 
e desfiou o ramo de seus fios de corais
de uma cornucópia de madrepérola infinita.

Não sou senão a rede vazia que segue à frente
dos olhos humanos, mortos naquelas trevas,
dedos acostumados ao triângulo, medidas
de um acanhado hemisfério de laranja.

Andei como vós escavando
A estrela interminável,
e, à noite, em minha rede acordei despido, 
presa única, peixe aprisionado no vento.


Los Enigmas


Me habeis preguntado que hila el crustaceo
entre sus patas de oro
y os respondo: El mar lo sabe.
Me decis, que espera la ascidia en su campana trasparente? Que espera?
Yo os digo, espera como vosotros el tiempo.
Me preguntais: a quien alcanza el abrazo del alga Macrocustis?
Indagadlo, indagadlo a cierta hora, en cierto mar que conozco.

Sin duda me preguntareis por el marfil maldito del narwhal, para que yo os conteste
de que modo el unicornio marino agoniza arponeado.
Me preguntais tal vez por las plumas alcionarias que tiemblan
en los puros origenes de la marca austral?
Y sobre la construccion cristalina del polipo habeis barajado, sin duda,
una pregunta mas, desgranandola ahora?
Quereis saber la electrica materia de las púas del fondo?
La armada estalactita que camina
quebrandose?
El anzuelo del pez pescador, la musica extendida?
en la profundidad como un hilo de agua?

Yo os quiero decir que esto lo sabe el mar, que la vida en sus arcas
es ancha como la arena, innumerable y pura
y entre las uvas sanguinarias el tiempo ha pulido la dureza de un petalo, la luz de la medusa 
y ha desgranado el ramo de sus hebras de corales 
desde una cornucopia de nacar infinito.

Yo no soy sino la red vacia que adelanta
ojos humanos, muertos en aquellas tinieblas,
dedos acostumbrados al triangulo, medidas
de un timido hemisferio de naranja.

Anduve como vosotros escarbando
la estrella interminable,
y en mi red, en la noche, me desperte desnudo, 
unica presa, pez encerrado en el viento.



sábado, 6 de junho de 2020

Auguste Barbier (França: 1805 –1888)




A Cura (excerto) *


É a virgem fogosa, da Bastilha filha,
Que outrora, quando chegou
Com seu ar atrevido, seus atributos de menina,
Por cinco anos ao povo excitou;
Que, mais tarde, entoando marcha guerreira,
Entendiada com seus primeiros amantes,
Deitou fora seu barrete, e fez-se vivandeira
De um capitão recém entrado nos vinte.
É essa mulher, enfim, que, sempre nua e linda,
Com sua echarpe tricolor,
Dentro de nossos muros metralhados súbito ressurgida,
Vem a secar de nossos olhos lágrimas de dor,
Devolver em três dias a alta coroa do reino
Às mãos dos franceses sublevados,
Esmagar um exército e triturar um trono
Com alguns pedregulhos amontoados.

Acontece que a Liberdade não é uma condessa 
Do bairro de Saint-Germain, nobre subúrbio, 
Uma mulher que a um grito desfaleça,
Que se veste de branco e vermelho.
Ela é uma mulher forte de poderosas mamas,
De voz rouca, de encantos brutos,
Que, do moreno da pele, do fogo nas pupilas,
Ágil e marchando a passos largos,
Compraz-se com o clamor do povo, com os cruentos embates, 
Com o rufar longínquo dos tambores, 
Com o cheiro da pólvora, com os sons distantes 
Dos sinos e surdos canhões;
Que não escolhe seus amantes senão entre a plebe, 
Que não entrega seus largos flancos 
Senão a gente forte como ela, a quem a abrace
Com o vermelho do sangue nos braços.


La Curée


C'est la vierge fougueuse, enfant de la Bastille, 
Qui jadis, lorsqu'elle apparut
Avec son air hardi, ses allures de fille,
Cinq ans mit tout le peuple en rut ;
Qui, plus tard, entonnant une marche guerrière,
Lasse de ses premiers amants,
Jeta là son bonnet, et devint vivandière
D'un capitaine de vingt ans
C'est cette femme, enfin, qui, toujours belle et nue,
Avec l'écharpe aux trois couleurs,
Dans nos murs mitraillés tout à coup reparue,
Vient de sécher nos yeux en pleurs,
De remettre en trois jours une haute couronne
Aux mains des Français soulevés,
D'écraser une armée et de broyer un trône
Avec quelques tas de pavés.

C'est que la Liberté n'est pas une comtesse 
Du noble faubourg Saint-Germain,
Une femme qu'un cri fait tomber en faiblesse,
Qui met du blanc et du carmine
C'est une forte femme aux puissantes mamelles,
À la voix rauque, aux durs appas,
Qui, du brun sur la peau, du feu dans les prunelles,
Agile et marchant à grands pas,
Se plaît aux cris du peuple, aux sanglantes mêlées,
Aux longs roulements des tambours,
À l'odeur de la poudre, aux lointaines volées
Des cloches et des canons sourds ;
Qui ne prend ses amours que dans la populace,
Qui ne prête son large flanc
Qu'à des gens forts comme elle, et qui veut qu'on l'embrasse
Avec des bras rouges de sang.


Nota:
(*) A mulher que inspirou este trecho do longo poema de Barbier e o quadro de Delacroix - Liberté guidant le peuple - chamava-se Marie Dechamps. Ela é citada no livro Pessoas Extraordinárias (Paz e Terra, 1999, pp. 145-147, de Eric Hobsbawn. Também é a efígie impressa em notas de real.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Eugenio Montejo (Venezuela: 1938 – 2008)



Sobremesa


Às cegas, ao fundo da névoa
que cai de remotos dias,
tornamos a nos sentar
e falamos já sem nos vermos.
Às cegas, ao fundo da névoa.

Sobre a mesa volta o ar
e o sonho atrai os ausentes.
Pães em que hibernaram musgos frios
sobre a toalha despertam agora.

Vagueiam vapores de café
e no aroma, reavivados,
vemos pairar antigos rostos
que embaçam os espelhos.

Retas cadeiras vazias
aguardam os que, desde longe,
retornarão mais tarde. Começamos a falar
sem nos vermos e alheios ao tempo. 

Às cegas, na varanda
que cresce e nos envolve,
conversamos por horas sem perceber
quem vive ainda, quem está morto.


Sobremesa


A tientas, al fondo de la niebla
que cae de los remotos días,
volvemos a sentarnos
y hablamos ya sin vernos.
A tientas, al fondo de la niebla.

Sobre la mesa vuelve el aire
y el sueño atrae a los ausentes.
Panes donde invernaron musgos fríos
en el mantel ahora se despiertan.

Yerran vapores de café
y en el aroma, reavivados,
vemos flotar antiguos rostros
que empañan los espejos.

Rectas sillas vacías
aguardan a quienes, desde lejos,
retornarán más tarde. Comenzamos a hablar
sin vernos y sin tiempo.

A tientas, en la vaharada
que crece y nos envuelve,
charlamos horas sin saber
quién vive todavía, quién está muerto.



quinta-feira, 4 de junho de 2020

Arthur Henry Reginald Buller (Inglaterra:1874 – Canadá:1944)



Poema Humorístico (limerick, em inglês)


Relatividade


Houve uma garota chamada Claridade.
Muito mais rápida que a luz era a sua velocidade.
De casa ela saiu um dia,
e como às leis da relatividade obedecia,
voltou na noite anterior, com um dia a menos de idade.


Relativity


There was a young lady named Bright,
whose speed was much faster than light.
She set off one day
in a relative way,
and returned on the previous night.


quarta-feira, 3 de junho de 2020

Juan Gelman (Argentina: 1930 – 2014)




O Jogo que Jogamos


Se me concedessem escolher, escolheria
esta saúde de saber que estamos muito enfermos,
esta sorte de estarmos tão infelizes.
Se me concedessem escolher, escolheria
esta inocência de não ser um inocente,
esta pureza em que vivo, sendo impuro.

Se me concedessem escolher, escolheria
este amor com que odeio,
esta esperança que come pães desesperados.

Aqui acontece, senhores,
uma aposta com a morte.


El Juego En Que Andamos


Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta salud de saber que estamos muy enfermos,
esta dicha de andar tan infelices.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta inocencia de no ser un inocente,
esta pureza en que ando por impuro.

Si me dieran a elegir, yo elegiría
este amor con que odio,
esta esperanza que come panes desesperados.

Aquí pasa, señores,
que me juego la muerte.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Katerína Gógou (Grécia: 1940 – 1993)




A solidão
não ostenta em seu olhar a cor entristecida
das mulheres burras apatetadas. [1]
Ela não perambula de modo abstrato e íntima satisfação
rebolando as ancas em salas de concerto
e museus congelados.
Ela não é os quadros militares covardes dos 'bons' velhos tempos
A naftalina no peito das velhinhas
As fitas róseas e chapéus de palha.
Ela não abre as pernas dando risadinhas fingidas
O olhar fixo de vaca em suspiros ritmados
e roupas íntimas de cores sortidas.

A solidão
tem a cor dos paquistaneses, essa solidão, [2]
E é avaliada metro a metro
Junto com suas coisas
Encontrada no final das filas nos sinais fechados [3]
Ela permanece pacientemente enfileirada
Bournazi – Santa Barbara – Kokkinia
Touba – Stavroupoli – Kalamaria [4]
Sob quaisquer condições climáticas
Com sua cabeça suada

Ela ejacula aos gritos e estraçalha vidraças com correntes
Ela controla os meios de produção
Ela detona a propriedade privada
Ela é uma visita domingueira na prisão
O mesmo passo no pátio revolucionários e prisioneiros penais
Ela é vendida e comprada minuto a minuto, suspiro a suspiro
Nos mercados de escravos da terra – Kotzia é logo ali [5]
Levante-se cedo
Levante-se e comprove.

Ela é uma puta nos prostíbulos
O treinamento militar alemão para recrutas
E os últimos
Infindáveis quilômetros da rodovia nacional que leva ao centro
Nas carnes interditadas da Bulgária.
E quando seu sangue se adensa e ela não consegue mais
Suportar que sua espécie seja negociada a preço tão vil
Ela dança uma zeibekiko descalça sobre as mesas [6]
Segurando em suas mãos azuis machucadas
Um bem afiado machado

A Solidão
A nossa solidão eu digo. É sobre a nossa solidão que estou falando,
É um machado em nossas mãos
Que sobre suas cabeças está girando girando girando



Loneliness
does not have the saddened color
of the cloudy bimbo in her eyes. [1]
She does not stroll abstractly and self-content
Shaking her hips in concert halls
And in frozen museums.
She is not the yellow cadres of “good” old times
And naphthalene in granny’s chests
Rosy ribbons and straw hats.
She does not open her legs with fake small laughers
A cow’s gaze rhythmic sighs
And assorted underwear.

Loneliness
Has the color of Pakistanis, this loneliness [2]
And she is counted inch by inch
Along with their pieces
In the bottom of the light-shaft. [3]
She stands patiently queuing
Bournazi – Santa Barbara – Kokkinia
Touba –Stavroupoli – Kalamaria [4]
Under all weathers
With a sweaty head

She ejaculates screaming and smashes the front windows with chains
She occupies the means of production
She blows up private property
She is a Sunday visit in prison
Same step in the yard revolutionaries and penal prisoners
She is sold and bought minute by minute, breath by breath
In the slave markets of the earth – Kotzia is near here [5]
Wake up early.
Wake up to see it.

She is a whore in the rotten-houses
The German drill for conscripts
And the last
Endless miles of the national highway towards the centre
In the suspended meats from Bulgaria.
And when her blood clots and she can take no more
Of her kind being sold so cheaply
She dances barefoot on the tables a zeibekiko [6]
Holding in her bruised blue hands
A well sharpened axe.

Loneliness,
Our loneliness I say. Its our loneliness I am speaking about,
Is a axe in our hands
That over your heads is revolving revolving revolving revolving.


Notas:

[1] Bimbo (gíria): garota pouco inteligente, super maquiada e obcecada por homens e roupas. Em geral, ela é loura.
[1] Cloudy (gíria): ligeiramente bêbado e apatetado.
[2] Os paquistaneses foram os primeiros trabalhadores imigrantes da Grécia. Em 1970 eles organizaram uma das mais violentas greves do país, num tempo em que o movimento pela autonomia dos trabalhadores estava em seu auge.
[3] Lightshaft: Quando um semáforo só muda para verde quando uma certa quantidade de carros enfileira-se a sua frente.
[4] Bairros proletários de Atenas e Salônica.
[5] Praça em que se situa a prefeitura de Atenas, onde os trabalhadores da construção civil se reuniam antes do amanhecer, para ser levados para o trabalho.

[6] Dança grega.





segunda-feira, 1 de junho de 2020

Katerína Gógou (Grécia: 1940 – 1993)





Não ouses deter-me. Estou sonhando.
Há séculos vivemos vergados pela injustiça.
Séculos de solidão.
Agora não. Não ouses deter-me.
Agora e aqui, para sempre e em todo lugar.
Estou sonhando liberdade.
Apesar da singularidade
belíssima de cada um
Na reinstituição
Da harmonia do universo.

Brinquemos. Conhecimento é alegria.
Não é conscrição escolar.
Eu sonho porque amo.
Sonhos fantásticos no céu.
Trabalhadores em suas próprias fábricas
Contribuindo para a produção mundial de chocolate.
Eu sonho porque SEI e POSSO.
Bancos engendram “ladrões”;
Prisões, “terroristas”;
Solidão, “desajustados”;
Produtos, “necessidades”;
Fronteiras, exércitos.

Tudo deriva da propriedade.
Violência engendra violência.
Agora não. Não ouses deter-me.
É chegado o tempo de reinstituir
A moralidade como a derradeira práxis.
Transformar a vida em poema.
E a vida em práxis.
Eu sonho que posso que posso que posso.
Te amo

E tu não me detenhas, nem estou sonhando.
Eu vivo.
Estendo minhas mãos
Ao amor à solidariedade
À Liberdade.
Por tantas vezes quanto necessárias forem e mais.
Eu defendo a ANARQUIA.



Don’t you stop me. I am dreaming.
We lived centuries of injustice bent over.
Centuries of loneliness.
Now don’t. Don’t you stop me.
Now and here, for ever and everywhere.
I am dreaming freedom.
Though everyone’s
All-beautiful uniqueness
To reinstitute
The harmony of the universe.
Lets play. Knowledge is joy.
Its not school conscription.
I dream because I love.
Great dreams in the sky.
Workers with their own factories
Contributing to world chocolate making.
I dream because I KNOW and I CAN.
Banks give birth to “robbers”.
Prisons to “terrorists”.
Loneliness to “misfits”.
Products to “need”
Borders to armies.
All caused by property.
Violence gives birth to violence.
Don’t now. Don’t you stop me.
The time has come to reinstitute
the morally just as the ultimate praxis.
To make life into a poem.
And life into praxis.
It is a dream that I can I can I can
I love you
And you do not stop me nor am I dreaming. I live.
I reach my hands
To love to solidarity
To Freedom.
As many times as it takes all over again.
I defend ANARCHY.



Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...