quarta-feira, 3 de junho de 2020

Juan Gelman (Argentina: 1930 – 2014)




O Jogo que Jogamos


Se me concedessem escolher, escolheria
esta saúde de saber que estamos muito enfermos,
esta sorte de estarmos tão infelizes.
Se me concedessem escolher, escolheria
esta inocência de não ser um inocente,
esta pureza em que vivo, sendo impuro.

Se me concedessem escolher, escolheria
este amor com que odeio,
esta esperança que come pães desesperados.

Aqui acontece, senhores,
uma aposta com a morte.


El Juego En Que Andamos


Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta salud de saber que estamos muy enfermos,
esta dicha de andar tan infelices.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta inocencia de no ser un inocente,
esta pureza en que ando por impuro.

Si me dieran a elegir, yo elegiría
este amor con que odio,
esta esperanza que come panes desesperados.

Aquí pasa, señores,
que me juego la muerte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...