segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

 

De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema XII / XXI

 

Para meu coração bastam teus seios,

para tua liberdade bastam minhas asas.

De minha boca chegará ao céu

o que adormecia sobre a tua alma.

 

Em ti se encontra a ilusão de cada dia.

Chegas como o orvalho às corolas.

Golpeias o horizonte com tua ausência.

Eternamente em fuga como uma onda.

 

Eu disse que cantavas no vento

como os pinheiros e como os mastros.

Como eles és alta e taciturna.

E te entristeces de súbito como uma viagem.

 

Acolhedora como um velho caminho.

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.

Despertei e às vezes emigram e fogem

pássaros que dormiam em tua alma.

 

 

Poema XII / XXI

 

Para mi corazón basta tu pecho,

para tu libertad bastan mis alas.

Desde mi boca llegará hasta el cielo

lo que estaba dormido sobre tu alma.

 

Es en ti la ilusión de cada día.

Llegas como el rocío a las corolas.

Socavas el horizonte con tu ausencia.

Eternamente en fuga como la ola.

 

He dicho que cantabas en el viento

como los pinos y como los mástiles.

Como ellos eres alta y taciturna.

Y entristeces de pronto como un viaje.

 

Acogedora como un viejo camino.

Te pueblan ecos y voces nostálgicas.

Yo desperté y a veces emigran y huyen

pájaros que dormían en tu alma.

 

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