De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”
Poema I / XXI
Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,
assemelhas-te ao mundo em tua atitude de entrega.
Meu corpo de lavrador selvagem te escava
e faz saltar o filho do fundo da terra.
Fui solitário como um túnel. De mim fugiam os pássaros
e em mim a noite começava sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como a uma arma,
como a uma flecha em meu arco, como a uma pedra em minha
funda.
Corpo de mulher minha, persistirei em tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho incerto!
Escuros leitos onde a sede eterna perdura,
e a fatiga perdura, e a dor infinita.
Poema I / XXI
Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.
Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros
y en mí la noche
entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda.
Cuerpo de mujer mía, persistiré en tu gracia.
Mi sed, mi ansia sin límite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue,
y el dolor infinito.
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