terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

 De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada

 

Poema III / XXI

 

Ah amplidão de pinheiros, rumor de ondas se quebrando,

lento jogo de luzes, sino solitário,

crepúsculo caindo em teus olhos, boneca,

caracol terrestre, em ti a terra canta!

 

Em ti os rios cantam e neles minha alma foge

como tu o desejas e até onde tu queres.

Aponta-me o caminho em teu arco de esperança

e soltarei em delírio uma revoada de flechas.

 

À minha volta vejo tua cintura de neve

e teu silêncio acossa minhas horas perseguidas,

e és tu com teus braços de pedra transparente

onde atracam meus beijos e minha ânsia se aninha.

 

Ah tua voz misteriosa que o amor tinge e dobra

no entardecer ressonante que vai morrendo!

Assim em horas profundas sobre os campos vi

as espigas se dobrarem na boca do vento.

 

 

Poema III / XVI

 

Ah vastedad de pinos, rumor de olas quebrándose,

lento juego de luces, campana solitaria,

crepúsculo cayendo en tus ojos, muñeca,

caracola terrestre, en ti la tierra canta!

 

En ti los ríos cantan y mi alma en ellos huye

como tú lo desees y hacia donde tú quieras.

Márcame mi camino en tu arco de esperanza

y soltaré en delirio mi bandada de flechas.

 

En torno a mí estoy viendo tu cintura de niebla

y tu silencio acosa mis horas perseguidas,

y eres tú con tus brazos de piedra transparente

donde mis besos anclan y mi húmeda ansia anida.

 

Ah tu voz misteriosa que el amor tiñe y dobla

en el atardecer resonante y muriendo!

Así en horas profundas sobre los campos he visto

doblarse las espigas en la boca del viento.

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