quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

 De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema IX / XXI

 

Ébrio de terebintina e vastos beijos,

estival, o veleiro das rosas conduzo,

inclinado até a morte do delgado dia,

fundado no sólido frenesi marinho.

 

Pálido e amarrado à minha água devorante

cruzo o acre odor do clima desprotegido,

ainda que vestido de cinza e sons amargos,

e a crista entristecida de abandonada espuma.

 

Vou, rijo de paixões, montado em minha onda única,

lunar, solar, ardente e frio, inesperado,

adormecido na garganta das afortunadas

ilhas brancas e doces como quadris frescos.

 

Treme na noite úmida meu traje de beijos

loucamente carregado de elétricas gestões,

de modo heroico dividido em sonhos

e embriagadoras rosas que se exercitam em mim.

 

Água acima, em meio às ondas externas,

teu paralelo corpo se sujeita aos meus braços

como um peixe infinitamente preso à minha alma

rápido e moroso na energia sub-celestial.

 

 

Poema IX / XXI

 

Ebrio de trementina y largos besos,

estival, el velero de las rosas dirijo,

torcido hacia la muerte del delgado día,

cimentado en el sólido frenesí marino.

 

Pálido y amarrado a mi agua devorante

cruzo en el agrio olor del clima descubierto,

aún vestido de gris y sonidos amargos,

y una cimera triste de abandonada espuma.

 

Voy, duro de pasiones, montado en mi ola única,

lunar, solar, ardiente y frío, repentino,

dormido en la garganta de las afortunadas

islas blancas y dulces como caderas frescas.

 

Tiembla en la noche húmeda mi vestido de besos

locamente cargado de eléctricas gestiones,

de modo heroico dividido en sueños

y embriagadoras rosas practicándose en mí.

 

Aguas arriba, en medio de las olas externas,

tu paralelo cuerpo se sujeta en mis brazos

como un pez infinitamente pegado a mi alma

rápido y lento en la energía subceleste.

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