quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Pablo Neruda (Chile: 1904 – 1973)

De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”

 

Poema XV / XXI

 

Gosto quando calas porque estás como ausente,

e me ouves de longe, e minha voz não te toca.

Parece como se teus olhos houvessem voado

e parece que um beijo te cerrará a boca.

 

Como todas as coisas estão plenas de minha alma

emerges destas coisas, plena de alma minha.

Borboleta de sonho, tu te pareces à minha alma,

e tu te pareces à palavra melancolia;

 

Gosto quando calas e estás como distante.

E estás como te queixando, borboleta em arrulho.

E me ouves de longe, e minha voz não te alcança:

deixa que eu me cale com o silêncio teu.

 

Deixa que te fale também com teu silêncio

claro como uma lâmpada, simples como um anel.

És como a noite, calada e constelada.

Teu silêncio é de estrela, tão distante e simples.

 

Gosto quando calas porque estás como ausente.

Distante e dolorosa como se houvesses morrido.

Uma palavra agora, um sorriso bastam.

E estou alegre, alegre porque não seja seguro.

 

Poema XV / XXI

 

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,

y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.

Parece que los ojos se te hubieran volado

y parece que un beso te cerrara la boca.

 

Como todas las cosas están llenas de mi alma

emerges de las cosas, llena del alma mía.

Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,

y te pareces a la palabra melancolía;

 

Me gustas cuando callas y estás como distante.

Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.

Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:

déjame que me calle con el silencio tuyo.

 

Déjame que te hable también con tu silencio

claro como una lámpara, simple como un anillo.

Eres como la noche, callada y constelada.

Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

 

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.

Distante y dolorosa como si hubieras muerto.

Una palabra entonces, una sonrisa bastan.

Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

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