De “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”
Poema VI / XXI
Recordo-te como eras no último outono.
Eras a boina gris e o coração em calma.
Em teus olhos pugnavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caíam na água da tua alma.
Presa em meus braços como uma trepadeira,
as folhas recolhiam a tua voz morosa e calma.
Fogueira de estupor na qual a minha sede ardia.
Doce jacinto azul retorcido sobre a minha alma.
Sinto viajar teus olhos e está distante o outono:
boina gris, voz de pássaro e coração de casa
para onde emigravam meus profundos anelos
e caíam meus beijos alegres como brasas.
Céu vindo de um navio. Campo vindo das colinas.
Tua lembrança é de luz, de fumaça, de lagoa calma!
Mais além dos teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas do outono giravam em tua alma.
Poema VI / XXI
Te recuerdo como eras en el último otoño.
Eras la boina gris y el corazón en calma.
En tus ojos peleaban las llamas del crepúsculo.
Y las hojas caían en el agua de tu alma.
Apegada a mis brazos como una enredadera,
las hojas recogían tu voz lenta y en calma.
Hoguera de estupor en que mi sed ardía.
Dulce jacinto azul torcido sobre mi alma.
Siento viajar tus ojos y es distante el otoño:
boina gris, voz de pájaro y corazón de casa
hacia donde emigraban mis profundos anhelos
y caían mis besos alegres como brasas.
Cielo desde un navío. Campo desde los cerros.
Tu recuerdo es de luz, de humo, de estanque en calma!
Más allá de tus ojos ardían los crepúsculos.
Hojas secas de otoño giraban en tu alma.
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