segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Lorenzo Stecchetti (Itália: 1845 – 1916)

 

Foi numa noite como esta...

 

Foi numa noite como esta e o vento

Debalde a minha porta sacudia:

Longa como um lamento

Longe, longe a meia-noite batia,

Caía a chuva em torrente

das calhas sonoras e tu partiste.

 

Partiste para sempre, e sobre o leito,

Mordendo a colcha, a face eu pressionava:

Estrugia no peito

O soluço do pranto e eu não chorava.

Assim me abandonaste

E em nosso último adeus não me beijaste.

 

Não mais te vi depois da despedida

E nada sei de quem tu agora sejas.

Quem sabe descaída

No vitupério esperando estejas,

Parada sob a porta,

Por quem compre um beijo teu; ou estás morta.

 

Ainda que este pensar me atormente,

Não te recordas mais do que é passado,

E fruindo contente

A casta paz de um himeneu sagrado,

Beijas com devoção

Os filhos que do nosso amor não são.

 

 

Era una notte come questa...

 

 

Era una notte come questa e il vento    

Scuoteva urlando la mia porta invano:  

Lunga come un lamento                      

Mezzanotte battea lontan lontano,

Cadea la pioggia a rivi                

Dalle gronde sonore e tu partivi.

 

Tu partivi per sempre ed io sul letto,     

Col viso in giù, la coltrice mordea:        

Mi strideva nel petto                   

Il singuiozzo del pianto e non piangea.  

Così tu m’hai lasciato                                 

E il bacio dell’ addio non me l’hai dato.

Da quella notte non t’ho più veduta       

E più nulla di te non seppi mai.              
Forse tu sei caduta                             

Nel vitupero ed aspettando stai,           

Seduta sulla porta,                                                    

Chi compri il bacio tuo; forse sei morta. 

 

Forse, e questo pensier più mi tormenta,

Non ti ricordi più del tuo passato,         

E godendo contenta                   

La casta pace d'un imen beato,            

Baci col labbro pio                              

I figli d'un amor che non fu il mio.          

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