terça-feira, 21 de setembro de 2021

Jorge Luis Borges (Argentina: 1899 – 1986)

 

Do livro Elogio da sombra – 16 / 31

 

 A Israel

 

Quem me dirá se tu estás no perdido

Labirinto dos rios seculares

De meu sangue, Israel? Quem os lugares

Que teu sangue e o meu sangue percorreram?

 

Não importa. Sei que tu estás no sagrado

Livro que abarca as eras e que a história

Do vermelho Adão traz-nos e a memória

Daquele que morreu Crucificado.

 

Naquele livro estás, que é o espelho

Dos rostos que sobre ele se debruçam

E do rosto de Deus, que em seu cristal

 

árduo e complexo, horrível se adivinha.

Salve, Israel, que guardas a muralha

divina, na paixão do teu combate.

 

 

A Israel


¿Quién me dirá si estás en el perdido
Laberinto de ríos seculares
De mi sangre, Israel? ¿Quién los lugares
Que mi sangre y tu sangre han recorrido?

No importa. Sé que estás en el sagrado
Libro que abarca el tiempo y que la historia
Del rojo Adán rescata y la memoria
Y la agonía del Crucificado.

En ese libro estás, que es el espejo
De cada rostro que sobre él se inclina
Y del rostro de Dios, que en su complejo

Y arduo cristal, terrible se adivina.
Salve, Israel, que guardas la muralla
De Dios, en la pasión de tu batalla.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...