quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Paul Verlaine (França: 1844 – 1896)





Nevermore (Nunca Mais)


Lembrança, lembrança, o que desejas? O outono
Fazia esvoejar o tordo no ar ameno,
E o sol dardejava um raio de luz monótono
No bosque amarelado a que fustiga o inverno.

Estávamos sós e íamos como num sonho,
Ela e eu, cabelos e pensamento ao vento.
Súbito, fixando-me com olhar carinhoso,
Diz “Qual foi teu mais lindo dia?”, em tom alto,

Voz de ouro vivo, timbre angelical e fresco.
Um sorriso discreto é como lhe replico,
E sua branca mão beijei, devotamente.

– Ah! As primeiras flores, ares perfumados!
E que rumor causa o sussurro comovente
De um ansiado 'sim' dos lábios bem-amados!


Nevermore


Souvenir, souvenir, que me veux-tu? L'automne
Faisait voler la grive à travers l'air atone,
Et le soleil dardait un rayon monotone
Sur le bois jaunissant où la bise détone.

Nous étions seul à seule et marchions en rêvant,
Elle et moi, les cheveux et la pensée au vent.
Soudain, tournant vers moi son regard émouvant
" Quel fut ton plus beau jour? " fit savoix d'or vivant,

Sa voix douce et sonore, au frais timbre angélique.
Un sourire discret lui donna la réplique,
Et je baisai sa main blanche, dévotement.

– Ah! les premières fleurs, qu'elles sont parfumées!
Et qu'il bruit avec un murmure charmant
Le premier 'oui' qui sort de lèvres bien-aimées!




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Jorge Seferis (Grécia: 1900 – 1971)

  Argonautas   E se a alma deve conhecer-se a si mesma ela deve voltar os olhos para outra alma: * o estrangeiro e inimigo, vim...