domingo, 16 de fevereiro de 2020

Blanca Varela (Peru: 1926 – 2009)




Assim seja


O dia se findou
apenas consumido e já inútil.
Começa a grande luz,
todas as portas cedem ante um homem
dormindo,
o tempo é uma árvore que não cessa de crescer.

O tempo
A grande porta entreaberta,
o astro que cega.

Não é com os olhos que se vê nascer
essa gota de luz que será,
que foi um dia.

Canta abelha, sem pressa,
evoca o labirinto iluminado,
de festa.

Respira e canta.
Onde tudo termina abre tuas asas.
O sol és tu,
o espinho do crepúsculo,
o mar que acarinha as montanhas,
o resplendor total,
o sonho.


Así sea


El día queda atrás,
apenas consumido y ya inútil.
Comienza la gran luz,
todas las puertas ceden ante un hombre
dormido,
el tiempo es un árbol que no cesa de crecer.

El tiempo,
la gran puerta entreabierta,
el astro que ciega.

No es con los ojos que se ve nacer
esa gota de luz que será,
que fue un día.

Canta abeja, sin prisa,
recorre el laberinto iluminado,
de fiesta.

Respira y canta.
Donde todo se termina abre las alas.
Eres el sol,
el aguijón del alba,
el mar que besa las montañas,
la claridad total,
el sueño.

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