sábado, 29 de fevereiro de 2020

Raymond Queneau (França: 1903 – 1976)




Noite


Noite: duas sílabas
Muros: fechados como os hexágonos
Noite: duas sílabas
Outono: exaurido e lasso de esperar
pelas abelhas no coração assaz apaixonado...
Noite: serpente escavada de anelados raios do arco-íris
os deuses entrelaçados fazem dançar os arcos
das cartas esquecidas entre muito vagas mudas palavras
A noite produz fogo e mata o mundo
A noite produz fogo e transforma o mundo
A noite produz fogo e o mundo desmorona
Tudo parece esvair-se mesmo as montanhas ágeis
Noite


Nuit


Nuit: une syllabe
Murs: clos comme des hexagones
Nuit: une syllabe
Automne: essoufflées et lasses d’attendre
les abeilles au coeur trop tendre…
Nuit: serpent troué d’anneaux rayon de l’arc-en-ciel
les dieux entrecroisés font danser les arceaux
des lettres oubliées parmi moult mols muets mots
La nuit fait feu et tue le monde
La nuit fait feu et mue le monde
La nuit fait feu et le monde rue
Tout semble s’évanouir même les montagnes agiles
Nuit




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