segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Blanca Varela (Peru: 1926 – 2009)


Em uma das mãos a loucura...


Em uma das mãos a loucura, a tempestade. Na outra
uma pedra devastadora, mortal.
Equilíbrio sobre a teia de aranha segregando
a salivação sobre o abismo.
Dali as asas, o ar, as plumas. Um vôo
sepultado. O buraco do céu, do céu, o firmamento
do poço e a raiz de sete braços luminosos

Por que o número substituindo o olho
multiplicando-o? Por que a cegueira do céu?

O verbo se aninha fora do centro. Jamais nele. Pois todo
centro é um caminho equivocado e esse é o verbo, olho do
centro extinto. Silêncio.


En una mano la locura...


En una mano la locura, la tempestad. En la otra
una piedra rigurosa, mortal.
Equilibrio sobre el hilo de araña segregando
la salvación sobre el abismo.
De allí las alas, el aire, las plumas. En vuelo
enterrado. El agujero del cielo cielo, el firmamento
del pozo y la raíz de siete brazos luminosos.
¿Por qué el número sustituyendo al ojo
multiplicándolo? ¿Por qué la ceguera del cielo?
El verbo anida excéntrico. Jamás en él. Pues todo
centro es un camino errado y eso es el verbo, ojo del
centro abolido. Silencio.



(de El libro de barro)




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