domingo, 2 de fevereiro de 2020

Ester de Izaguirre (Paraguai: 1923 – 2016)



Crisol

Se pudesse criar-me novamente,
acrisolar-me inteira em uma frágua
e ser desde a origem, e para sempre,
diáfana, opalescente fibra d’água.

Se pudesse trazer aos seus verdores
a flor que me podou a aleivosia,
caminhar para trás, com os bridões
que hoje acalmaram minha fantasia.

Se por obra de inéditos prodígios,
recuperasse as horas já passadas,
e afundasse-me no tempo e os vestígios

refazendo o olhar e o gesto baldios,
isto que ora sou, seria um fantasma
feito de perfeição e de extravios.


Crisol


Si pudiera crearme nuevamente,
acrisolarme entera en una fragua
y ser desde mi origen, para siempre,
diáfana y opalina fibra de agua.

Si pudiera traer a sus verdores
la flor que resegó mi alevosía,
sucederme hacia atrás, con los bridones
que sofrenaron hoy mi fantasía.

Si por obra de inéditos prodigios,
retuviera las horas ya pasadas,
y me hundiera en el tiempo y los vestígios

rehaciendo el gesto y el mirar baldíos,
esto que ahora soy, sería un fantasma
hecho de perfección y de extravíos.



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