segunda-feira, 2 de março de 2020

Eugenio Montejo (Venezuela: 1938 – 2008)




Meu Amor


Em outro corpo vai o meu amor por esta rua,
sinto os seus passos sob a chuva,
caminhando, sonhando, como há tempos comigo...
Há ecos de minha voz em seus sussurros,
posso reconhecê-los.
Tem agora uma idade que era a minha,
uma lâmpada que se acende ao nos encontrarmos.
Meu amor que se embeleza com o mar das horas,
meu amor no terraço de um café
com um hibisco branco entre as mãos,
vestida à moda do novo milênio.
Meu amor que seguirá quando eu me for,
com outro riso e outros olhos,
como uma chama que saltou entre duas velas
E se deteve iluminando o azul da terra.


Mi Amor


En otro cuerpo va mi amor por esta calle,
siento sus pasos debajo de la lluvia,
caminando, soñando, como en mí hace ya tiempo...
Hay ecos de mi voz en sus susurros,
puedo reconocerlos.
Tiene ahora una edad que era la mía,
una lámpara que se enciende al encontrarnos.
Mi amor que se embellece con el mar de las horas,
mi amor en la terraza de un café
con un hibisco blanco entre las manos,
vestida a la usanza del nuevo milenio.
Mi amor que seguirá cuando me vaya,
con otra risa y otros ojos,
como una llama que dio un salto entre dos velas
Y se quedó alumbrando el azul de la tierra.


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