sexta-feira, 27 de março de 2020

Eugenio Montejo (Venezuela: 1938 – 2008)



 Escrita


Nalguma vez escreverei com pedras,
medindo uma a uma as minhas frases
por seu peso, volume, movimento.
Estou cansado de palavras.

Não mais lápis: andaimes, teodolitos,
o desnudamento solar do sentimento
tatuando na profundeza das rochas
sua música secreta.

Desenharei com linhas de cascalhos
o meu nome, a história de minha casa
e a memória daquele rio
que vai passando sempre e sem demora
por entre minhas veias como sábio arquiteto.

Com pedra escreverei o meu canto
em arcos, pontes, dolmens, colunas,
defronte a solidão do horizonte,
como um mapa que se abra ante os olhos
dos viajantes que não regressam nunca.


Escritura


Alguna vez escribiré con piedras,
midiendo cada una de mis frases
por su peso, volumen, movimiento.
Estoy cansado de palabras.

No más lápiz: andamios, teodolitos,
la desnudez solar del sentimiento
tatuando en lo profundo de las rocas
su música secreta.

Dibujaré con líneas de guijarros
mi nombre, la historia de mi casa
y la memoria de aquel río
que va pasando siempre y se demora
entre mis venas como sabio arquitecto.

Con piedra viva escribiré mi canto
en arcos, puentes, dólmenes, columnas,
frente a la soledad del horizonte,
como un mapa que se abra ante los ojos
de los viajeros que no regresan nunca.




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