sábado, 8 de agosto de 2020

Gabriel Garcia Márquez (Colômbia: 1927 – 2014)

 

Se alguém te chama à porta, amiga minha

  

Se alguém te chama à porta, amiga minha,

e algo em teu sangue pulsa e não repousa

e em teu caule de água, temerosa,

a fonte é uma líquida harmonia.

 

Se alguém te chama à porta e ainda fias

sobrar-te tempo para ser formosa

e cabe todo abril em uma rosa

e pela rosa se dessangra o dia

 

Se alguém te chama à porta na alvorada

sonora de pombos e badaladas

e ainda crês na dor e na poesia

 

Se ainda a vida é verdadeira e o verso existe.

Se alguém te chama à porta e tu estás triste,

abre, pois é o amor, amiga minha.

  

Si alguien llama a tu puerta, amiga mía

  

Si alguien llama a tu puerta, amiga mía,

y algo en tu sangre late y no reposa

y en tu tallo de agua, temblorosa,

la fuente es una líquida de armonía.

 

Si alguien llama a tu puerta y todavía

te sobra tiempo para ser hermosa

y cabe todo abril en una rosa

y por la rosa desangra el día

 

Si alguien llama a tu puerta una mañana

sonora de palomas y campanas

y aún crees en el dolor y en la poesía

 

Si aún la vida es verdad y el verso existe.

Si alguien llama a tu puerta y estás triste,

abre, que es el amor, amiga mía.

 

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