domingo, 30 de agosto de 2020

Rubén Darío (Nicarágua: 1867 – 1966)

 


Melancolia

 

A Domingos Bolívar

 

Irmão, tu que tens a luz, dá-me a minha.

Como um cego, vou sem rumo, às palpadelas.

Vou debaixo de tormentas e procelas

cego de sonho e louco de harmonia.

 

Esse é meu mar. Sonhar. A poesia

é a camisa férrea de mil aguilhões cruentos

que levo sobre a alma. Os espinhos sangrentos

deixam cair gotas de minha melancolia.

 

E assim vou, cego e louco, por este mundo amargo;

às vezes penso que meu caminho é muito longo,

e às vezes que é bem curto.

 

E neste titubeio de alento e agonia,

trago pleno de penas o que apenas suporto.

Não ouves cair gotas de minha melancolia?

 

 

Melancolía

 

A Domingo Bolívar

 

Hermano, tú que tienes la luz, dime la mía.

Soy como un ciego. Voy sin rumbo y ando a tientas.

Voy bajo tempestades y tormentas

ciego de sueño y loco de armonía.

 

Ése es mi mal. Soñar. La poesía

es la camisa férrea de mil puntas cruentas

que llevo sobre el alma. Las espinas sangrientas

dejan caer las gotas de mi melancolía.

 

Y así voy, ciego y loco, por este mundo amargo;

a veces me parece que el camino es muy largo,

y a veces que es muy corto…

 

Y en este titubeo de aliento y agonía,

cargo lleno de penas lo que apenas soporto.

¿No oyes caer las gotas de mi melancolía?



 

 

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