quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Ileana Espinel Cedeño (Equador: 1933 – 2001)

 


 

A praticabilidade

 

 

A praticabilidade prática sugere que me case

com um bom comerciante,

porque assim deixarei de receber patrocínios

e de dar recitais...

 

A praticabilidade prática alega que não posso

viver só de versos.

Que necessário é ostentar garbo

e digerir manjares

e não feijões secos...

 

Minha mãe de minha alma

está de acordo nisso,

E o mesmo minha avó,

minha tia,

meu cunhado,

meus lindos irmãos

e todos os amigos de minha querida gente...

 

Da raiz mais funda da praticabilidade, brota:

“Ileana, um comerciante!... Um comerciante, Ileana!”

 

Mas Ileana,

a boba,

a lírica,

a louca,

casa-se

– se por acaso se casa –

com um poeta pobre.

  

El practicismo

  

El practicismo práctico sugiere que me case

con un buen comerciante,

porque así dejaré de recibir auspicios

y de dar recitales…

 

El practicismo práctico alega que no puedo

vivir solo de versos;

que necesario es pasar donosamente

y digerir manjares

y no frijoles secos…

 

Mi madre de mi alma

está de acuerdo en esto,

Y lo mismo mi abuela,

mi tía,

mi cuñado,

mis dos lindos hermanos

y todos los amigos de mi querida gente…

 

De la raíz más honda del practicismo, brota:

“¡Ileana, un comerciante!… ¡Un comerciante, Ileana!”

 

Pero Ileana,

la tonta,

la lírica,

la loca,

se casa

-si acaso se casa-

con un poeta pobre.

 

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